Geralmente
ouvimos ou lemos qualquer coisa que fale sobre educação brasileira
e isso não nos causa mais impacto algum nas emoções, tão
acostumados estamos com situações desconfortáveis nas escolas e
atitudes de pouca força na resolução dos problemas.
Enquanto
isso, a posição ocupada por nós, brasileiros, na avaliação do
Índice Global de
Habilidades Cognitivas e de Desempenho Escolar, realizada
pela Economist Intelligence Unit (EIU) em 2012 continua aviltante. O
Brasil se classifica em penúltimo lugar em uma lista de quarenta
nações. Esse resultado demonstra o quanto a atual prática
pedagógica que se revela no contexto social brasileiro permanece
distante da proficiência em produção e compreensão textual
almejada por estudiosos diversos nas últimas décadas.
Como
alerta Carvalho (2009) ao tratar dos “Empréstimos Linguísticos na
Língua Portuguesa”, a dominação pelos meios culturais é mais
eficiente e menos incômoda, resulta da sobreposição de uma cultura
sobre a outra. A linguagem age monologicamente, aliada a uma
consequente transferência de terminologias, de modo a suprir as
necessidades dos países que não patenteiam tecnologias. Todavia,
junto ao ato de importar palavras está o aspecto político-ideológico
que subjaz a cada empréstimo, pois também se importa “o objeto, a
ideia, o modo de vida de uma nação e isso gera mais dependência
(econômica, cultural, tecnológica) para quem importa”.
São
muitos
os estudos atuais que abordam os fenômenos da linguagem como
síntese de múltiplas determinações sócio-históricas no intuito
de formar sujeitos com mais atuação social e maior capacidade de
dicernimento sobre os fatos da vida. Contexto que exige da escola
maior preparo ao explorar conhecimentos indispensáveis à construção
da cidadania e espera do aluno compromisso e responsabilidade com a
própria aprendizagem.
Essa
busca de formas mais eficazes para a formação de sujeitos capazes
de estabelecer relações de interação e de transformação no
espaço e nas condições sócio-históricas em que vivem se
confronta com os índices sociais de desempenho educacional
brasileiro.
O
resultado acabou por mostrar o quanto ainda é preciso avançar na
direção de um ensino melhor e o quanto se faz necessário que
o processo de ensino e aprendizagem seja realmente visto como
importante meio de construção de significado com relação à vida
social por todos os que de uma forma ou outra se inserem no processo
educativo como um todo.
Estamos
certos de que uma parte significativa dos professores abraça a causa
da educação por reconhecer o valor de uma educação consistente,
olhar para seres humanos e lutar para conseguir fazer a diferença.
Por outro lado, não consideramos que os educadores (mesmo os pouco
qualificados ou os desmotivados diante do salário que recebem, das
instalações e recursos disponíveis, da violência e indisciplina
que permeiam as relações nos ambientes escolares) mereçam a
titulação de exclusiva culpabilidade pelos persistentes problemas
educacionais.
Em
outra via de análise, salientamos a falta de leis que amparem esses
mesmos educadores no momento em que ensinam regras para disciplinar a
mente e a conduta que o mundo dinâmico de hoje exige de cada
cidadão.
Também
reconhecemos a carência de formação de valores (como o de respeito
ao outro) por parte de muitas famílias, bem como o pouco
acompanhamento das mesmas na cobrança de maior compromisso dos
estudantes para a conquista de resultados mais promissores em suas
devidas aprendizagens escolares, com maior esforço, disciplina,
frequência e aproveitamento.
Evidenciamos
as perspectivas que a carreira de educador propicia, fazendo que os
quadros do ensino venham sendo sistematicamente ocupados também por
pessoas pouco qualificadas ou comprometidas com uma educação de
qualidade.
Ressaltamos
a disparidade entre o montante investido nas universidades públicas,
no ensino fundamental e médio. E destacamos a necessidade de
aumento do PIB per capita brasileiro aliado à boa gestão da
educação no país.
Essa
referida problematica pode explicar em parte os resultados pouco
animadores do país em nível educacional, pois acaba por dificultar
de fato a ascenção cultural no contexto social brasileiro. Contudo,
insistimos em acreditar que sonhos são possíveis e persistimos no
desvendar dos mistérios linguísticos ocultos nos intentos textuais
daqueles que os produzem.
Como
educadores comprometidos, também não desistimos de revelar aos
estudantes certas verdades camufladas em jogos de palavras bem
elaborados ou suas possíveis realizações em contextos diversos,
para que realmente consigam se tornar sujeitos de si mesmos e se
ampliem possibilidades de atuações sociais mais promissoras.
Embora
questões como essas suscitem alto grau de reflexão e tomada de
atitudes em alto grau de comprometimento, o que nos ocorre é a
sondagem de práticas pedagógicas que possam ser eficazes para
minimizar as carências do ensino público no país, sendo o que está
ao nosso alcance fazer nas condições atuais referidas de ensino.
Desculpem
se só ocorreram besteiras mal-ditas nestas linhas que, de certa
forma, importam...
Gostei
bastante dos comentários no texto abaixo. Faz parte das coisas que eu gostaria de dizer nas vezes em que me faltou coragem... Se possível, leia.
Fontes: