Espalhada
pelos cinco continentes, a língua portuguesa está entre as dez mais
faladas do planeta.
Estruturada
a partir do século XII, desde o século XV ultrapassou as fronteiras
da Península Ibérica, acompanhando as caravelas lusitanas na
aventura das grandes navegações.
O
objetivo principal da reforma é a unificação da ortografia entre
os países que pertencem à Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP):
1.Brasil;
2.Portugal;
3.Angola;
4.Guiné-Bissau;
5.São
Tomé e Príncipe;
6.Moçambique;
7.Timor
Leste;
8.Cabo
Verde.
Os
oito países que têm o português como língua oficial são chamados
de lusófonos.
Apesar
da incorporação de vocábulos nativos, de certas particularidades
de sintaxe, pronúncia e grafia, a língua portuguesa mantém uma
unidade.
O
português é também falado em pequenas comunidades, reflexo de
povoamentos portugueses datados do século XVI.
É
o caso de Zanzibar (na Tanzânia, costa oriental da África); Macau
(possessão portuguesa encravada na China); Goa, Diu, Damão (na
Índia); Málaca (na Malásia); Timor (na Indonésia).
OS
VÁRIOS ACORDOS ORTOGRÁFICOS
Fonte:
http://conversadeportugues.com.br/2010/01/especial-de-ferias-a-memoria-do-acordo-ortografico/
A
unificação dos sistemas ortográficos dos países lusófonos não é
tarefa fácil, pois as divergências de pronúncia entre esses países
acabam determinando grafias diferentes para as mesmas palavras, tanto
que várias tentativas para unificar os sistemas ortográficos desses
países fracassaram: ou porque não foram aceitas no Brasil, ou
porque encontraram reações por parte dos portugueses.
A
primeira tentativa de uniformizar a ortografia da língua portuguesa
foi em 1911, quando uma comissão de filósofos lusitanos propôs uma
reforma ortográfica e o governo português a adotou imediatamente.
No
Brasil, essa reforma gerou muitas discussões, porém acabou não
sendo adotada.
O
anúncio a seguir, mostra a ortografia portuguesa da época (1911):
Esta
imagem “Letreiro
no Porto, escrito antes da reforma ortográfica de 1911”,
obra de 9 de maio de 2009, do próprio Manuel de Sousa provém do Wikimedia
Commons, um acervo de conteúdo livre da Wikimedia
obra de 9 de maio de 2009, do próprio Manuel de Sousa provém do Wikimedia
Commons, um acervo de conteúdo livre da Wikimedia
Foundation que pode ser utilizado por outros projetos.
O
primeiro acordo ortográfico entre Brasil e Portugal, em 1931, não
resultou na unificação dos sistemas ortográficos.
Em
1945, houve em Lisboa outro acordo, que também não efetivou a
unificação, pois foi adotado apenas em Portugal.
O
sistema ortográfico adotado atualmente no Brasil é o aprovado pela
Academia Brasileira de Letras, na sessão de 12 de agosto de 1943, e
simplificado pela Lei nº. 5.765, de 18 de dezembro de 1971.
Em
decorrência disso, palavras como saudade, cautela, saudoso deixaram
de receber trema; e palavras como acordo (subst.), almoço
(subst.), governo (subst.), cafezinho, sozinha, propriamente,
cortesmente também perderam o acento gráfico.
Curioso
notar que a simplificação ortográfico de 1971 Portugal só adotou em 1973.
Ocorreram
ainda outras tentativas de unificação em 1975 e 1986; porém
fracassaram mais uma vez, sobretudo pelas reações de Portugal.
O
NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO
O
projeto, oficialmente chamado Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa, visa mais a padronização do que a simplificação do
sistema ortográfico em vigor até 1993.
Seu
objetivo é padronizar alguns pontos discordantes, como o emprego
do hífen, algumas regras de acentuação e a queda de consoantes
mudas (o que afeta diretamente a grafia lusitana de algumas
palavras, como projecto, facto, objectivo, actual, etc.).
A
unificação facilitará a circulação e a produção de materiais,
documentos e livros entre esses países, além de tornar o português
uma língua oficial da diplomacia, reconhecida pela Organização das
Nações Unidas (ONU).
É
importante ressaltar que o processo de implementação das mudanças
ocorrerá de maneira diferente em cada país.
Em
16 de dezembro de 1990, foi assinado o primeiro acordo, onde foram
estabelecidas todas as regras. A Câmara e o Senado aprovaram o
acordo internacional em 18 de abril de 1995, quando saiu um decreto
legislativo, para posterior assinatura pelo Executivo.
O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, no dia 29 de setembro
de 2008, na Academia Brasileira de Letras, o documento de entrada no
acordo.
O
Brasil é o primeiro país a implementar as regras oficialmente por
meio do decreto nº 6.583 de 29/09/2008, assinado pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, quando foi estabelecido um cronograma de
implementação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
O
acordo entrou em vigor em 1º de janeiro de 2009, no Brasil,
com prazo de implementação e adaptação das novas regras ortográficas
com prazo de implementação e adaptação das novas regras ortográficas
até 31 de dezembro de 2012.
Apenas
a partir de 1º de janeiro de 2013 as novas regras passam a ser
definitivamente obrigatórias.
As
mudanças na escrita da língua portuguesa do Brasil são
relativamente pequenas, cerca de 0,5% da escrita, sendo que nos
outros países que basicamente seguem a ortografia de Portugal, a
mudança pode envolver até 1,6% das regras.
O
poeta José Paulo Paes, realçando as diferenças de vocabulário
existentes entre o Português do Brasil e o de Portugal, escreveu o
seguinte texto:
Positivamente,
não há acordo ortográfico que padronize esta questão: o
brasileiro veste meias; o lusitano, peúgas.
NOVO
ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA
Segundo
o Novo Acordo, o alfabeto português passa a ter 26 letras, com a
inclusão das letras K (k), W (w), e Y (y).
Seu
emprego continua restrito à grafia de nomes derivados de nomes
próprios estrangeiros (kantismo, darwinismo, byroniano, etc), a
abreviaturas e símbolos (K = potássio, kg = kilograma, kW =
quilowatt, etc.) e a palavras estrangeiras.
Com
relação à acentuação gráfica das palavras, o Novo Acordo
estabelece regras de acentuação com base na posição da sílaba
tônica (oxítonas, paroxítonas, proparoxítonas, considerando
oxítonos os monossílabos tônicos).
Em
linhas gerais, mantiveram-se as regras de acentuação do sistema
ortográfico de 1943, abolindo-se alguns casos e o trema. Em
decorrência, o Novo Acordo reduz o número de palavras acentuadas.
O
Novo Acordo simplificou ainda mais a Lei Nº. 5.765, de 18 de
dezembro de 1971, que havia abolido a maioria dos acentos
diferenciais.
O
emprego do acento grave não traz nenhuma novidade já que,
desde 1971, tal acento só é utilizado para indicar o fenômeno da
crase (à).
O
emprego das iniciais maiúsculas do Novo Acordo mantém
basicamente as mesmas regras do sistema de 1943: os substantivos
próprios de qualquer espécie devem ser grafados com letra inicial
maiúscula.
A
única novidade é que os nomes de vias e lugares públicos, bem como
os nomes que designam domínios do saber — artes, ciências ou
disciplinas — podem ser agora escritos facultativamente com inicial
maiúscula ou minúscula.
Como
deverá ficar:
Rua
(ou rua) da Liberdade
Praça
(ou praça) da República
Praia
(ou praia) do Flamengo
Português
(ou português)
Matemática
(ou matemática)
O
texto do Novo Acordo exemplifica algumas regras para a separação
silábica:
a)Não
se separam as sucessões de duas consoantes que constituem grupos
perfeitos: su-bli-me, a-pro-var, de-cla-rar, de-cre-to, a-tle-ta,
a-fri-ca-no, ne-vral-gi-a;
Nem
se separam os dígrafos ch, lh, nh: ran-cho, ma-lha, ga-nhei.
Exceção:
Separam-se
alguns compostos em que os prefixos terminam em b ou d: ab-le-ga-ção,
sub-li-nhar.
b)
Separam-se no interior da palavra as sucessões de duas consoantes
que não constituem propriamente grupos e as sucessões de m ou n,
com valor de nasalidade, e uma consoante: ab-di-car, am-bi-ção,
ét-ni-co, ab-so-lu-to, de-sen-ga-nar, nas-cer, dig-no,ad-je-ti-vo,
Daf-ne, op-tar, af-ta, en-xa-me.
c)
Nunca se separam vogais consecutivas pertencentes a ditongos ou
tritongos: ai-ro-so, ca-dei-ra, ins-ti-tui, sa-cris-tães, Pa-ra
guai, sa-guão.
d)
Os dígrafos gu e qu não se separam da vogal ou ditongo imediato:
ne-gue, ne-guei, pe-que, pe-quei, da mesma maneira que as combinações
gu, qu em que o “u” se pronuncia: á-gua, am-bí-guo, lo-quaz.
e)
Na separação de palavras que apresentam hífen, se este ocorrer no
final da linha, deve-se repeti-lo na linha seguinte: couve-/-flor,
amá-/-lo.
Não
existe mais o trema em língua portuguesa, apenas em nomes
próprios ou derivados:
Gisele
Bündchen
Müller
= mülleriano
Como
é / Como fica:
agüentar
/ aguentar
freqüente
/ frequente
lingüiça
/ linguiça
tranqüilo
/ tranquilo
A
justificativa dada pelo Novo Acordo é que a vogal u das formas
verbais como apazigúem, argúem é sempre articulada, por isso não
precisa de acento.
Alguns
acentos realmente deixaram de existir! Mas fique atento,
embora
essa alteração traga alegria para muitos,
as
regras permanecem e devem ser seguidas!!!
REGRAS
DE ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Na
Língua Portuguesa, todas as palavras possuem apenas uma sílaba
tônica: a que recebe maior inflexão de voz, ou seja, a mais
forte da palavra.
De
acordo com a sílaba tônica, as palavras são classificadas em:
oxítona
= gua-ra-ná
(última)
paroxítona
= tá-xi
(penúltima)
proparoxítona
= sí-la-ba
(antepenúltima)
Sílaba
subtônica
Só
existe em palavras derivadas: as que provêm de outra palavra.
Coincide com a tônica da primitiva, ou seja, a sílaba tônica da
palavra primitiva se transforma em subtônica da derivada.
Guaranazinho:
a
sílaba tônica é zi,
a
subtônica é na,
pois
era a tônica da palavra primitiva
(guaraná).
O
mesmo ocorre com as palavras:
taxímetro
(táxi) tônica: xi
subtônica:ta
propolina
(própolis) tônica: li
subtônica:pro
Sílabas
átonas
Todas
as outras sílabas são denominadas átonas.
Monossílabos
Quando
a palavra possuir uma sílaba só, será denominada monossílaba.
Os
monossílabos podem ser átonos ou tônicos.
Os
tônicos são aqueles que têm força para serem usados sozinhos em
uma frase; os átonos, não.
São
monossílabos tônicos os substantivos, os adjetivos, os
advérbios, os numerais, os verbos e alguns pronomes, pois são as
classes que podem ser usadas sozinhas numa frase: pá, eis, só, tu,
mim, dê.
1.
Palavras oxítonas
Recebem
acento as palavras oxítonas (inclusive as monossílabas) terminadas
em: o, os, e, es, a, as, em, ens; também terminadas com os ditongos:
éi, ói, éu (seguidos ou não de s). Exemplos: Maringá,
maracujás, filé, jiló, armazém,
Belém, reféns, nenéns, chapéu,
troféu, herói, pastéis, Zé, mês,
pó, cós, pô, céu, véu, méis,
sóis...
Acentuam-se
também as formas verbais oxítonas terminadas em o, e, a
acompanhadas dos pronomes oblíquos átonos lo, la, los,
las:
Iremos
contratá-lo.
Não
vou comprometê-lo.
O
dinheiro, vou repô-lo.
Obs.:
Na pronúncia culta, algumas palavras oxítonas poderão ter a vogal
“e” articulada tanto aberta quanto fechada, admitindo o acento
agudo ou circunflexo:
bebé
/ bebê
bidé
/ bidê
caraté
/ caratê
croché
/ crochê
matiné
/ matinê
puré
/ purê
guiché
/ guichê
nené
/ nenê
Acentuam-se
as palavras oxítonas ou paroxítonas com “i” ou “u”,quando
precedidas de uma vogal, formando um hiato. Podem ser seguidas ou
não de s, mas não de outra consoante, nem de semivogal.
Observe:
ju-í-zes
ju-iz
Lu-ís Lu-iz
I-ta-ú
Ra-ul
Exemplos:
Itaú,
baús, açaí, caí,
Luís, juízes.
Mas:
cair
caiu distraiu juiz
Luiz
Não
se acentuam o “i” e “u” tônicos das palavras paroxítonas,
quando precedidas de ditongo:
fei-u-ra.
Como
era:
|
Como
fica:
|
baiúca,
boiúna,
cheiínho, saiínha,
feiúra,
feiúme
|
baiuca,
boiuna,
cheiinho, saiinha,
feiura,
feiume
|
Relembrando:
Não
levam acento as vogais i e u tônicas precedidas de ditongo
(bai-u-ca,
boi-u-no, cau-i-la), a menos que
venham em posição final
ou
sejam seguidas de s: Pi-au-í ,tui-ui-ú,
tui-ui-ús.
Exceção:
Palavras
com nh após o hiato, não são acentuadas: ra-i-nha, cam-pa-i-nha.
2.Palavras
paroxítonas
Para
memorizar a acentuação das palavras paroxítonas, leia a narrativa
abaixo.
- Estava um professor dando aula enquanto um aluno encontrava-se bastante distraído.De repente, o professor olhou para o aluno e gritou:
- DITONGO !!! PS I U !!!
O que pouco adiantou. Esse sujeito disperso deu uma espreguiçada, bocejou e balbuciou alguma coisa como:
- Ã ??? UM …
Então, um grito ecoou pela sala de aula:
- N ão R e L a X e !!!
Pois
bem, acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
- DITONGO, PS, I, IS, U, US, Ã, ÃS, UM, UNS, N, R, L , X
Ou
seja, o que está sublinhado no texto anterior, que pode ser seguido
ou não de “S”.
-ão,
-ãos (ditongo):
órgão,
órgão,
sótão,
sótãos
-ei,
-eis (ditongo):
amáveis,
fáceis,
jóquei,
pônei
-i,
-is:
júri,
júris, lápis, tênis
-us:
bônus,
vírus
ps:
bíceps,
fórceps
-ã,
-ãs:
ímã,
ímãs, órfã, órfãs
-um,
-uns:
álbum,
álbuns, médium,
médiuns
-n:
elétron,
hífen, pólen,
próton
-r:
caráter,
ímpar, mártir
-l:
amável,
difícil, fácil,
lamentável
-x:
fênix,
índex, ônix, tórax
Algumas
palavras que têm a vogal tônica “e” ou “o” em fim de
sílaba, seguida
de “m” ou “n”, apresentam oscilação de
timbre:
Vênus / Vénus, pônei / pónei, sêmen / sémen …
Não
se acentuam os ditongos “ei” e “oi” da sílaba tônica das
palavras
paroxítonas:
al-ca-tei-a
de-bi-loi-de
he-roi-co
i-dei-a
eu
a-poi-o e-po-pei-a
Os
verbos ter e vir e seus derivados na 3ª. pessoa do presente do
indicativo:
singular
|
plural
|
ele
tem
|
eles
têm
|
ele
vem
|
eles
vêm
|
singular
|
plural
|
ele
abstém
|
eles
abstêm
|
ele
mantém
|
eles
mantêm
|
ele
intervém
|
eles
intervêm
|
Observe:
Ele
mantém o macaco preso.
Eles
mantêm o macaco preso.
A
matéria convém aos estudantes.
As
matérias convêm aos estudantes.
O
presidente detém o poder.
Os
presidentes detêm o poder.
Ele
intervém em todas as reuniões.
Eles
intervêm em todas as reuniões.
O
acento circunflexo deixa de existir na 3ª.
pessoa do plural do presente do
indicativo dos verbos: ler,
dar, ver, crer (êe) e nos seus derivados.
singular
|
plural
|
ele
lê
ele
relê
|
eles
leem
eles
releem
|
ele
dê
|
eles
deem
|
ele
vê
|
eles
veem
|
ele
crê
ele
descrê
|
eles
creem
eles
descreem
|
O
acento (ôo) deixa de existir para assinalar a vogal tônica
fechada:
enjoo,
amaldiçoo, povoo, atraiçoo, abençoo, voo.
Também
se extingue o acento diferencial nos pares:
pára
e para; pêlo, pélo e pelo; pólo e polo; pêra e pera.
Exemplos:
Quer
uma pera?
Ele
para sempre aqui.
Eu
pelo o pelo
do cachorro pelo método tradicional.
Vou
ao polo Norte nas férias.
A
forma verbal pôr continua sendo acentuada, para
distinguir da preposição por:
Vou
pôr meus sapatos e sair por aí.
A
forma verbal pôde (3ª.p.sing.pret.perf. indic.)
continua sendo acentuada
para
distinguir de pode (3ª.p.sing.presente do indicativo):
Ontem,
ele não pôde sair de casa, mas hoje pode.
Permanece
facultativo o uso de forma e fôrma:
Qual
é a forma da fôrma
do bolo?
Podem
ser acentuadas facultativamente as seguintes formas verbais:
Ontem
nós falámos/falamos com ele.
Espero
que nos demos/dêmos bem a partir de
agora.
A
forma/fôrma do bolo.
As
palavras terminadas em ea, eo, ia, ie, io, eu, uo, ua, que tenham a
sílaba anterior tônica, tanto podem ser consideradas paroxítonas
terminadas em ditongo crescente, proparoxítonas ou proparoxítonas
aparentes e são acentuadas:
bar-bá-rie
/ bar-bá-ri-e
lín-
gua / lín-gu-a
nó-doa
/ nó-do-a
e-té-reo
/ e-té-re-o
gló-ria
/ gló-ri-a
en-ci-clo-pé-dia
/
en-ci-clo-pé-di-a
As
vogais “e” ou “o” que estiverem no final de sílaba de
palavras proparoxítonas – reais ou aparentes – e que forem
seguidas de consoantes nasais (m ou n) podem receber tanto o acento
agudo quanto o acento circunflexo:
idôneo
ou idóneo
gênero
ou género
Antônio
ou António
anatômico
ou anatómico
crônica
ou crónica
gênio
ou génio
gêmeos
ou gémeos
fenômeno
ou fenómeno
3.
Palavras proparoxítonas
Palavras
proparoxítonas sempre são acentuadas.
O
que muda: mesmo que no Brasil as proparoxítonas sejam
acentuadas com acento circunflexo, passamos a aceitar também o
acento agudo.
Observe:
Acadêmico/académico,
Amazônia/Amazónia, topônimo/topónimo, gênio/génio,
blasfêmia/blasfémia,
fêmea/fémea, cômodo/cómodo.
Note
que há nessa relação também proparoxítonas aparentes.
Proparoxítonas
que recebem acento agudo são as que apresentam na
sílaba tônica as vogais abertas ou ditongo oral começado por
vogal aberta. Ainda a sequência vocálica pós-tônica, considerada
ditongo crescente no final da palavra:
árabe,
hidráulico, público, cáustico, líquido, rústico,
Cleópatra,
míope, esquálido, músico, exército, plástico,
último,
barbárie, enciclopédia, lírio, língua, nódoa...
As
palavras proparoxítonas que apresentam na sílaba tônica,vogal
fechada ou ditongo com vogal básica fechada, levam acento
circunflexo:
sonâmbulo,
cânfora, anacreôntico, trôpego, fôssemos,
plêiade,
lâmpada, hermenêutica, nêspera, dinâmico...
Não
mais acentuamos o “u” tônico das formas verbais rizotônicas
(acento na raiz) quando precedido de “g” ou “q” nos grupos:
gue, gui, que, qui. Observe:
Como
era:
|
Como
fica:
|
argúi,
apazigúi, averigúi,
enxagúe,
obliqúe
|
argui,
apazigui, averigui,
enxague,
oblique
|
Verbos
terminados em “guar”, “quar” e “quir” admitem duas
pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, subjuntivo
ou imperativo:
aguar,
averiguar, apaziguar,desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir, etc.
a)Quando
forem pronunciados com “a” ou “i” tônicos, recebem acento:
(Forma
mais usada no Brasil)
PRONOMES
|
ENXAGUAR
|
DELINQUIR
|
Eu
|
enxáguo
|
delínquo
|
Tu
|
enxáguas
|
delínques
|
Ele
|
enxágua
|
delínqui
|
Eles
|
enxáguam
|
delínquem
|
Que
eu
|
enxágue
|
delínqua
|
Que
tu
|
enxágues
|
delínquas
|
Que
eles
|
enxáguem
|
delínquam
|
b)Quando
forem pronunciados com “u” tônico, deixam de ter acento:
PRONOMES
|
ENXAGUAR
|
DELINQUIR
|
Eu
|
enxaguo
|
Delinquo
|
Tu
|
enxaguas
|
Delinques
|
Ele
|
Enxagua
|
Delinqui
|
Eles
|
Enxaguam
|
Delinquem
|
Que
eu
|
Enxague
|
Delinqua
|
Que
tu
|
Enxagues
|
Delinquas
|
Que
eles
|
enxaguem
|
delinquam
|
Emprego
do apóstrofo
Segundo
o texto do Novo Acordo, o apóstrofo usa-se para cindir uma
contração ou aglutinação vocabular, quando uma fração pertence
a um conjunto vocabular distinto: d’Os Lusíadas, n’Os
Lusíadas, pel’Os Lusíadas,d’Os sertões, pel’Os
sertões.
Pode,
no entanto, empregar-se a preposição íntegra: de Os Lusíadas,
em Os Lusíadas, exatamente como acontece, quando se
deixa de fazer a contração: a Os Lusíadas, a A
relíquia, conquanto não digam: aos Lusíadas, à
Relíquia.
O
texto do Novo Acordo especifica também que se deve empregar o
apóstrofo:
a)
quando se quer separar a preposição ou pronome de um pronome
pessoal que se
refere a Deus, Jesus, etc.:
d’Ele,
n’Ele,d’Aquele,lh’O.
b)
na ligação de santo, santa a nomes do hagiológico, para supressão
de o e a:
Sant’Ana, Sant’Iago.
Quando
se tornam perfeitas unidades mórficas, os dois elementos se
aglutinam:
bairro de Santana, caminho
de Santiago.
c)
para assinalar a elisão do e da preposição de no
interior de certos compostos:
copo-d’água, pau-d’água,
pau-d’alh
Fica
ainda determinado que não se usa o apóstrofo nas combinações das
preposições de e em com o artigo definido, formas
pronominais diversas e advérbios:
dalguns
doutra
dela
dum
dele
duma
donde
nalguma
doutro
neste
Uso
de crase
O
texto do Novo Acordo sugere que se empregue o acento grave na
contração de pra (forma reduzida de para) com o, a,
os, as: prò, prà, pròs, pràs.
Fora
isso, o emprego do acento grave não traz nenhuma novidade, já que,
desde 1971, tal acento só é utilizado para indicar o fenômeno da
crase.
Emprega-se
o acento grave na contração da preposição “a” com o artigo
“a”. Ainda com os pronomes demonstrativos: aquele, aquela,
aquilo, seus compostos e suas flexões.
a
+ a = à
a
+ as = às
a
+ aquele = àquele
a
+ aquelas = àquelas
a
+ aqueloutro = àqueloutro
Exemplos:
Fui
ao clube.
a+o
= não tem crase.
Clube=palavra
masculina.
Fui
à festa.
a (preposição) + a (artigo) =
tem
crase
diante de palavras ou
expressões femininas.
Uso
do hífen
O
Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa estabelece algumas
alterações nas regras que eram utilizadas.
1.Quando
tivermos um PREFIXO que venha antes de uma palavra
iniciada pela
letra “h”, sempre será colocado o
hífen:
SOBRE-HUMANO
SUPER-HOMEM
CO-HERDEIRO
ANTI-HIGIÊNICO
MINI-HOSPITAL
MACRO-HISTÓRIA
A
única exceção é no caso de SUBUMANO, no qual a palavra humano
perde o “h” e
não se usa hífen.
2.Quando
usamos um prefixo terminado em uma vogal que seja diferente da
vogal
com que se inicia o segundo elemento, também não usamos o hífen:
ANTEONTEM
AUTOESCOLA
COAUTOR
EXTRAESCOLAR
INFRAESTRUTURA
AEROESTÁTICA
PLURIANUAL
COEDIÇÃO
AUTOAPRENDIZAGEM
SEMIANALFABETO
SEMIABERTO
3.Quando
o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com
consoante, que não seja “r” ou “s”, também não se usa o
hífen:
ANTIPEDAGÓGICO
AUTOPEÇA
COPRODUÇÃO
GEOPOLÍTICA
MICROCOMPUTADOR
ULTRAMODERNO
SEMIDEUS
SEMINOVO
PSEUDOTRABALHADOR
Atenção:
No
caso do prefixo VICE, não se aplica esta regra;
com
VICE, sempre se usa o hífen:
VICE-REI
VICE-CAMPEÃO
VICE-PRESIDENTE
4.Quando
o prefixo terminar em vogal e o segundo elemento começar por “r”
ou
“s”, não se usa o hífen, mas duplica-se o “r” ou “s”:
ANTIRRUGAS
BIORRITMO
CONTRARREGRA
INFRASSOM
ULTRARRESISTENTE
MINISSAIA
MICROSSISTEMA
SEMIRRETA
NEORREALISMO
5.Se
tivermos um prefixo terminado em vogal e o segundo elemento começar
pela mesma vogal, teremos que utilizar o hífen:
ANTI-IMPERIALISTA
ANTI-INFLACIONÁRIO
CONTRA-ATAQUE
SEMI-INTERNO
MICRO-ÔNIBUS
ANTI-INFLAMATÓRIO
MICRO-ONDAS
AUTO-OBSERVAÇÃO
6.Um
caso semelhante acontece quando o prefixo terminar por consoante e o
segundo elemento começar pela mesma consoante, também se usa
hífen:
INTER-RACIAL
SUPER-RESISTENTE
SUB-BIBLIOTECÁRIO
SUPER-REACIONÁRIO
INTER-REGIONAL
7.Nos
demais casos de prefixos terminados por consoante, mas os segundos
elementos não começados pela mesma consoante,não se usa o hífen:
HIPERMERCADO
INTERMUNICIPAL
SUPERPROTEÇÃO
Existem
exceções!
Quando
aparecer o prefixo SUB diante de palavra iniciada pela letra “r”,
temos
que usar o hífen:
SUB-RAÇA
SUB-REGIÃO
E
quando aparecerem os prefixos CIRCUM e PAN, usamos o hífen antes de
palavras iniciadas por M,N e VOGAL:
CIRCUM-NAVEGAÇÃO
PAN-AMERICANO
8.Quando
tivermos uma palavra cujo prefixo termina por consoante e o
segundo
elemento começa por vogal, não devemos usar o hífen:
HIPERATIVO
HIPERATLETA
INTERESTADUAL
INTERESCOLAR
SUPERAQUECIMENTO
INTERESTELAR
SUPEREXIGENTE
SUPERAMIGO
SUPERINTERESSANTE
9.Temos
que usar o hífen quando aparecerem os prefixos:
SEM,
EX, ALÉM, AQUÉM, PÓS, PRÉ, PRÓ:
EX-PROFESSOR
EX-ALUNO
ALÉM-TÚMULO
AQUÉM-MAR
PÓS-GRADUAÇÃO
PRÉ-HISTÓRIA
PRÓ-AMERICANO
RECÉM-NASCIDO
RECÉM-DIVORCIADO
SEM-TERRA
SEM-TETO
10.
Com palavras indígenas, de origem tupi-guarani, como sufixo,
temos que
usar o hífen:
AMORÉ-GUAÇU
CAPIM-AÇU
ANAJÁ-MIRIM
11.Com
duas ou mais palavras que são ocasionalmente ligadas, formando
encadeamentos vocabulares, devemos usar o hífen:
PONTE
RIO – NITERÓI
EIXO
RIO - SÃO PAULO
12.
No caso de algumas palavras que já perderam a noção de
composição, não
precisamos mais usar o hífen:
PONTAPÉ
PARAQUEDAS
PARAQUEDISTA
GIRASSOL
13.Por
outro lado, para ficar mais claro, quando estivermos escrevendo uma
frase e no final da linha a partição de uma palavra acabar
coincidindo com o
hífen, aí ele deve ser repetido na linha
seguinte.
Exemplos:
No supermercado, falava-
-se que o gerente era muito bravo.
A
diretora ouviu tudo o que os ex-
-alunos tinham para falar.
-alunos tinham para falar.
Ninguém
conseguia vencer o super-
-homem e sua força descomunal.
-homem e sua força descomunal.
“Um
dos principais objetivos do acordo é avançar em direção à
unificação ortográfica
dos
países que falam a língua portuguesa pelo mundo”.
“A
língua é um instrumento de comunicação intimamente ligada
às
questões das sociedades humanas em todas as épocas,
assim
como também é um fenômeno histórico e cultural”.
Que
estas novas mudanças ortográficas possam ter sido entendidas por
você
de
maneira clara e objetiva.
Que
essas normas sirvam para o seu melhor entendimento e a correta
utilização da
NOSSA
LÍNGUA PORTUGUESA!
Fontes:
GOMES,
Morgana. Português Fácil. Rio de Janeiro: Editora Minuano,
2009.
JUNIOR,
Sérgio Baldassarini. Nova Ortografia da Língua Portuguesa
conforme o Acordo Ortográfico para Países Lusófonos. Vídeo com
roteiro, apresentação, edição, produção e direção de Sérgio
Baldassarini Junior; supervisão pedagógica pela Profª Terezinha
Oppido, Bacharel e Licenciada em Letras pela Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras São Judas Tadeu. São Paulo: SBJ Produções,
2008.
NAPOLI,
Tatiana. Língua Portuguesa: Reforma Ortográfica. São Paulo:
Editora Escala, 2009.
SOARES,
Rosalina. Guia Ortográfico da Língua Portuguesa: Orientações
Sobre o Novo Acordo. Rosalina Soares; consultoria Solange Gomes;
ilustrações Márcio Levyman. Curitiba: Editora Positivo, 2008.