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sábado, 14 de abril de 2012

Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa para Países Lusófonos


Espalhada pelos cinco continentes, a língua portuguesa está entre as dez mais faladas do planeta.

Estruturada a partir do século XII, desde o século XV ultrapassou as fronteiras da Península Ibérica, acompanhando as caravelas lusitanas na aventura das grandes navegações.

O objetivo principal da reforma é a unificação da ortografia entre os países que pertencem à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP):

1.Brasil;

2.Portugal;

3.Angola;

4.Guiné-Bissau;

5.São Tomé e Príncipe;

6.Moçambique;

7.Timor Leste;

8.Cabo Verde.

Os oito países que têm o português como língua oficial são chamados de lusófonos.

Apesar da incorporação de vocábulos nativos, de certas particularidades de sintaxe, pronúncia e grafia, a língua portuguesa mantém uma unidade.

O português é também falado em pequenas comunidades, reflexo de povoamentos portugueses datados do século XVI.

É o caso de Zanzibar (na Tanzânia, costa oriental da África); Macau (possessão portuguesa encravada na China); Goa, Diu, Damão (na Índia); Málaca (na Malásia); Timor (na Indonésia).



OS VÁRIOS ACORDOS ORTOGRÁFICOS








A unificação dos sistemas ortográficos dos países lusófonos não é tarefa fácil, pois as divergências de pronúncia entre esses países acabam determinando grafias diferentes para as mesmas palavras, tanto que várias tentativas para unificar os sistemas ortográficos desses países fracassaram: ou porque não foram aceitas no Brasil, ou porque encontraram reações por parte dos portugueses.

A primeira tentativa de uniformizar a ortografia da língua portuguesa foi em 1911, quando uma comissão de filósofos lusitanos propôs uma reforma ortográfica e o governo português a adotou imediatamente.

No Brasil, essa reforma gerou muitas discussões, porém acabou não sendo adotada.


O anúncio a seguir, mostra a ortografia portuguesa da época (1911):





        

   
Esta imagem “Letreiro no Porto, escrito antes da reforma ortográfica de 1911”,
obra de 9 de maio de 2009, do próprio Manuel de Sousa provém do Wikimedia
Commons, um acervo de conteúdo livre da Wikimedia
Foundation que pode ser utilizado por outros projetos.
       

O primeiro acordo ortográfico entre Brasil e Portugal, em 1931, não resultou na unificação dos sistemas ortográficos.

Em 1945, houve em Lisboa outro acordo, que também não efetivou a unificação, pois foi adotado apenas em Portugal.

O sistema ortográfico adotado atualmente no Brasil é o aprovado pela Academia Brasileira de Letras, na sessão de 12 de agosto de 1943, e simplificado pela Lei nº. 5.765, de 18 de dezembro de 1971.

Em decorrência disso, palavras como saudade, cautela, saudoso deixaram de receber trema; e palavras como acordo (subst.), almoço (subst.), governo (subst.), cafezinho, sozinha, propriamente, cortesmente também perderam o acento gráfico.

Curioso notar que a simplificação ortográfico de 1971 Portugal só adotou em 1973.

Ocorreram ainda outras tentativas de unificação em 1975 e 1986; porém fracassaram mais uma vez, sobretudo pelas reações de Portugal.



O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO




O projeto, oficialmente chamado Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, visa mais a padronização do que a simplificação do sistema ortográfico em vigor até 1993.

Seu objetivo é padronizar alguns pontos discordantes, como o emprego do hífen, algumas regras de acentuação e a queda de consoantes mudas (o que afeta diretamente a grafia lusitana de algumas palavras, como projecto, facto, objectivo, actual, etc.).

A unificação facilitará a circulação e a produção de materiais, documentos e livros entre esses países, além de tornar o português uma língua oficial da diplomacia, reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU).

É importante ressaltar que o processo de implementação das mudanças ocorrerá de maneira diferente em cada país.

Em 16 de dezembro de 1990, foi assinado o primeiro acordo, onde foram estabelecidas todas as regras. A Câmara e o Senado aprovaram o acordo internacional em 18 de abril de 1995, quando saiu um decreto legislativo, para posterior assinatura pelo Executivo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, no dia 29 de setembro de 2008, na Academia Brasileira de Letras, o documento de entrada no acordo.

O Brasil é o primeiro país a implementar as regras oficialmente por meio do decreto nº 6.583 de 29/09/2008, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando foi estabelecido um cronograma de implementação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.



O acordo entrou em vigor em 1º de janeiro de 2009, no Brasil,
com prazo de implementação e adaptação das novas regras ortográficas
até 31 de dezembro de 2012.
Apenas a partir de 1º de janeiro de 2013 as novas regras passam a ser definitivamente obrigatórias.


As mudanças na escrita da língua portuguesa do Brasil são relativamente pequenas, cerca de 0,5% da escrita, sendo que nos outros países que basicamente seguem a ortografia de Portugal, a mudança pode envolver até 1,6% das regras.


O poeta José Paulo Paes, realçando as diferenças de vocabulário existentes entre o Português do Brasil e o de Portugal, escreveu o seguinte texto:


Positivamente, não há acordo ortográfico que padronize esta questão: o brasileiro veste meias; o lusitano, peúgas.


NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA


Segundo o Novo Acordo, o alfabeto português passa a ter 26 letras, com a inclusão das letras K (k), W (w), e Y (y).

Seu emprego continua restrito à grafia de nomes derivados de nomes próprios estrangeiros (kantismo, darwinismo, byroniano, etc), a abreviaturas e símbolos (K = potássio, kg = kilograma, kW = quilowatt, etc.) e a palavras estrangeiras.

Com relação à acentuação gráfica das palavras, o Novo Acordo estabelece regras de acentuação com base na posição da sílaba tônica (oxítonas, paroxítonas, proparoxítonas, considerando oxítonos os monossílabos tônicos).

Em linhas gerais, mantiveram-se as regras de acentuação do sistema ortográfico de 1943, abolindo-se alguns casos e o trema. Em decorrência, o Novo Acordo reduz o número de palavras acentuadas.

O Novo Acordo simplificou ainda mais a Lei Nº. 5.765, de 18 de dezembro de 1971, que havia abolido a maioria dos acentos diferenciais.

O emprego do acento grave não traz nenhuma novidade já que, desde 1971, tal acento só é utilizado para indicar o fenômeno da crase (à).

O emprego das iniciais maiúsculas do Novo Acordo mantém basicamente as mesmas regras do sistema de 1943: os substantivos próprios de qualquer espécie devem ser grafados com letra inicial maiúscula.

A única novidade é que os nomes de vias e lugares públicos, bem como os nomes que designam domínios do saber — artes, ciências ou disciplinas — podem ser agora escritos facultativamente com inicial maiúscula ou minúscula.

Como deverá ficar:

Rua (ou rua) da Liberdade

Praça (ou praça) da República

Praia (ou praia) do Flamengo

Português (ou português)

Matemática (ou matemática)



O texto do Novo Acordo exemplifica algumas regras para a separação silábica:


a)Não se separam as sucessões de duas consoantes que constituem grupos perfeitos: su-bli-me, a-pro-var, de-cla-rar, de-cre-to, a-tle-ta, a-fri-ca-no, ne-vral-gi-a;

Nem se separam os dígrafos ch, lh, nh: ran-cho, ma-lha, ga-nhei.

Exceção:

Separam-se alguns compostos em que os prefixos terminam em b ou d: ab-le-ga-ção, sub-li-nhar.



b) Separam-se no interior da palavra as sucessões de duas consoantes que não constituem propriamente grupos e as sucessões de m ou n, com valor de nasalidade, e uma consoante: ab-di-car, am-bi-ção, ét-ni-co, ab-so-lu-to, de-sen-ga-nar, nas-cer, dig-no,ad-je-ti-vo, Daf-ne, op-tar, af-ta, en-xa-me.


c) Nunca se separam vogais consecutivas pertencentes a ditongos ou tritongos: ai-ro-so, ca-dei-ra, ins-ti-tui, sa-cris-tães, Pa-ra guai, sa-guão.


d) Os dígrafos gu e qu não se separam da vogal ou ditongo imediato: ne-gue, ne-guei, pe-que, pe-quei, da mesma maneira que as combinações gu, qu em que o “u” se pronuncia: á-gua, am-bí-guo, lo-quaz.

e) Na separação de palavras que apresentam hífen, se este ocorrer no final da linha, deve-se repeti-lo na linha seguinte: couve-/-flor, amá-/-lo.

Não existe mais o trema em língua portuguesa, apenas em nomes próprios ou derivados:

Gisele Bündchen

Müller = mülleriano

Como é / Como fica:

agüentar / aguentar

freqüente / frequente

lingüiça / linguiça

tranqüilo / tranquilo

A justificativa dada pelo Novo Acordo é que a vogal u das formas verbais como apazigúem, argúem é sempre articulada, por isso não precisa de acento.


Alguns acentos realmente deixaram de existir! Mas fique atento,

embora essa alteração traga alegria para muitos,

as regras permanecem e devem ser seguidas!!!



REGRAS DE ACENTUAÇÃO GRÁFICA


Na Língua Portuguesa, todas as palavras possuem apenas uma sílaba tônica: a que recebe maior inflexão de voz, ou seja, a mais forte da palavra.


De acordo com a sílaba tônica, as palavras são classificadas em:

oxítona = gua-ra-

(última)

paroxítona = -xi

(penúltima)

proparoxítona = -la-ba

(antepenúltima)


Sílaba subtônica

Só existe em palavras derivadas: as que provêm de outra palavra. Coincide com a tônica da primitiva, ou seja, a sílaba tônica da palavra primitiva se transforma em subtônica da derivada.


Guaranazinho:

a sílaba tônica é zi,

a subtônica é na,

pois era a tônica da palavra primitiva

(guara).


O mesmo ocorre com as palavras:

taxímetro (xi) tônica: xi subtônica:ta

propolina (própolis) tônica: li subtônica:pro


Sílabas átonas

Todas as outras sílabas são denominadas átonas.


Monossílabos

Quando a palavra possuir uma sílaba só, será denominada monossílaba.

Os monossílabos podem ser átonos ou tônicos.

Os tônicos são aqueles que têm força para serem usados sozinhos em uma frase; os átonos, não.


São monossílabos tônicos os substantivos, os adjetivos, os advérbios, os numerais, os verbos e alguns pronomes, pois são as classes que podem ser usadas sozinhas numa frase: pá, eis, só, tu, mim, dê.



1. Palavras oxítonas


Recebem acento as palavras oxítonas (inclusive as monossílabas) terminadas em: o, os, e, es, a, as, em, ens; também terminadas com os ditongos: éi, ói, éu (seguidos ou não de s). Exemplos: Maringá, maracujás, filé, jiló, armazém, Belém, reféns, nenéns, chapéu, troféu, herói, pastéis, Zé, mês, pó, cós, pô, céu, véu, méis, sóis...

Acentuam-se também as formas verbais oxítonas terminadas em o, e, a acompanhadas dos pronomes oblíquos átonos lo, la, los, las:

Iremos contratá-lo.

Não vou comprometê-lo.

O dinheiro, vou repô-lo.

Obs.: Na pronúncia culta, algumas palavras oxítonas poderão ter a vogal “e” articulada tanto aberta quanto fechada, admitindo o acento agudo ou circunflexo:

bebé / bebê

bidé / bidê

caraté / caratê

croché / crochê

matiné / matinê

puré / purê

guiché / guichê

nené / nenê

Acentuam-se as palavras oxítonas ou paroxítonas com “i” ou “u”,quando precedidas de uma vogal, formando um hiato. Podem ser seguidas ou não de s, mas não de outra consoante, nem de semivogal.

Observe:

ju-í-zes ju-iz 
Lu-ís Lu-iz
I-ta-ú Ra-ul

Exemplos:
Itaú, baús, açaí, caí, Luís, juízes.

Mas:
cair caiu distraiu juiz Luiz

Não se acentuam o “i” e “u” tônicos das palavras paroxítonas, quando precedidas de ditongo: fei-u-ra.

Como era:
Como fica:
baiúca, boiúna,
cheiínho, saiínha,
feiúra, feiúme
baiuca, boiuna,
cheiinho, saiinha,
feiura, feiume

Relembrando:
Não levam acento as vogais i e u tônicas precedidas de ditongo
(bai-u-ca, boi-u-no, cau-i-la), a menos que venham em posição final
ou sejam seguidas de s: Pi-au ,tui-ui-ú, tui-ui-ús.

Exceção:
Palavras com nh após o hiato, não são acentuadas: ra-i-nha, cam-pa-i-nha.

2.Palavras paroxítonas

Para memorizar a acentuação das palavras paroxítonas, leia a narrativa abaixo.

Estava um professor dando aula enquanto um aluno encontrava-se bastante distraído.

De repente, o professor olhou para o aluno e gritou:

- DITONGO !!! PS I U !!!

O que pouco adiantou. Esse sujeito disperso deu uma espreguiçada, bocejou e balbuciou alguma coisa como:

- Ã ??? UM …

Então, um grito ecoou pela sala de aula:

- N ão R e L a X e !!!


Pois bem, acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
DITONGO, PS, I, IS, U, US, Ã, ÃS, UM, UNS, N, R, L , X
Ou seja, o que está sublinhado no texto anterior, que pode ser seguido ou não de “S”.

-ão, -ãos (ditongo):

órgão, órgão,

sótão, sótãos

-ei, -eis (ditongo):

amáveis, fáceis,

jóquei, pônei


-i, -is:

júri, júris, lápis, tênis


-us:

bônus, vírus


ps:

bíceps, fórceps


-ã, -ãs:

ímã, ímãs, órfã, órfãs


-um, -uns:

álbum, álbuns, médium,

médiuns


-n:

elétron, hífen, pólen,

próton


-r:

caráter, ímpar, mártir


-l:

amável, difícil, fácil,

lamentável


-x:

fênix, índex, ônix, tórax


Algumas palavras que têm a vogal tônica “e” ou “o” em fim de sílaba, seguida
de “m” ou “n”, apresentam oscilação de timbre: 

Vênus / Vénus, pônei / pónei, sêmen / sémen …

Não se acentuam os ditongos “ei” e “oi” da sílaba tônica das palavras
paroxítonas:

al-ca-tei-a de-bi-loi-de
he-roi-co i-dei-a
eu a-poi-o e-po-pei-a

Os verbos ter e vir e seus derivados na 3ª. pessoa do presente do indicativo:

singular
plural
ele tem
eles têm
ele vem
eles vêm

singular
plural
ele abstém
eles abstêm
ele mantém
eles mantêm
ele intervém
eles intervêm

Observe:

Ele mantém o macaco preso.
Eles mantêm o macaco preso.

A matéria convém aos estudantes.
As matérias convêm aos estudantes.

O presidente detém o poder.
Os presidentes detêm o poder.

Ele intervém em todas as reuniões.
Eles intervêm em todas as reuniões.
O acento circunflexo deixa de existir na 3ª. pessoa do plural do presente do
indicativo dos verbos: ler, dar, ver, crer (êe) e nos seus derivados.

singular
plural
ele lê
ele relê
eles leem
eles releem
ele dê
eles deem
ele vê
eles veem
ele crê
ele descrê
eles creem
eles descreem

O acento (ôo) deixa de existir para assinalar a vogal tônica fechada:
enjoo, amaldiçoo, povoo, atraiçoo, abençoo, voo.

Também se extingue o acento diferencial nos pares:
pára e para; pêlo, pélo e pelo; pólo e polo; pêra e pera.

Exemplos:

Quer uma pera?
Ele para sempre aqui.
Eu pelo o pelo do cachorro pelo método tradicional.
Vou ao polo Norte nas férias.

A forma verbal pôr continua sendo acentuada, para distinguir da preposição por:

Vou pôr meus sapatos e sair por aí.

A forma verbal pôde (3ª.p.sing.pret.perf. indic.) continua sendo acentuada
para distinguir de pode (3ª.p.sing.presente do indicativo):

Ontem, ele não pôde sair de casa, mas hoje pode.

Permanece facultativo o uso de forma e fôrma:

Qual é a forma da fôrma do bolo?

Podem ser acentuadas facultativamente as seguintes formas verbais:

Ontem nós falámos/falamos com ele.
Espero que nos demos/dêmos bem a partir de agora.
A forma/fôrma do bolo.

As palavras terminadas em ea, eo, ia, ie, io, eu, uo, ua, que tenham a sílaba anterior tônica, tanto podem ser consideradas paroxítonas terminadas em ditongo crescente, proparoxítonas ou proparoxítonas aparentes e são acentuadas:


bar-bá-rie / bar-bá-ri-e

lín- gua / lín-gu-a

nó-doa / nó-do-a

e-té-reo / e-té-re-o

gló-ria / gló-ri-a

en-ci-clo-pé-dia /

en-ci-clo-pé-di-a


As vogais “e” ou “o” que estiverem no final de sílaba de palavras proparoxítonas – reais ou aparentes – e que forem seguidas de consoantes nasais (m ou n) podem receber tanto o acento agudo quanto o acento circunflexo:


idôneo ou idóneo

gênero ou género

Antônio ou António

anatômico ou anatómico

crônica ou crónica

gênio ou génio

gêmeos ou gémeos

fenômeno ou fenómeno



3. Palavras proparoxítonas

Palavras proparoxítonas sempre são acentuadas.

O que muda: mesmo que no Brasil as proparoxítonas sejam acentuadas com acento circunflexo, passamos a aceitar também o acento agudo.

Observe:
Acadêmico/académico, Amazônia/Amazónia, topônimo/topónimo, gênio/génio,
blasfêmia/blasfémia, fêmea/fémea, cômodo/cómodo.

Note que há nessa relação também proparoxítonas aparentes.

Proparoxítonas que recebem acento agudo são as que apresentam na sílaba tônica as vogais abertas ou ditongo oral começado por vogal aberta. Ainda a sequência vocálica pós-tônica, considerada ditongo crescente no final da palavra:

árabe, hidráulico, público, cáustico, líquido, rústico,
Cleópatra, míope, esquálido, músico, exército, plástico,
último, barbárie, enciclopédia, lírio, língua, nódoa...

As palavras proparoxítonas que apresentam na sílaba tônica,vogal fechada ou ditongo com vogal básica fechada, levam acento circunflexo:
sonâmbulo, cânfora, anacreôntico, trôpego, fôssemos,
plêiade, lâmpada, hermenêutica, nêspera, dinâmico...
Não mais acentuamos o “u” tônico das formas verbais rizotônicas (acento na raiz) quando precedido de “g” ou “q” nos grupos: gue, gui, que, qui. Observe:

Como era:
Como fica:
argúi, apazigúi, averigúi,
enxagúe, obliqúe
argui, apazigui, averigui,
enxague, oblique

Verbos terminados em “guar”, “quar” e “quir” admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, subjuntivo ou imperativo:

aguar, averiguar, apaziguar,desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir, etc.

a)Quando forem pronunciados com “a” ou “i” tônicos, recebem acento:
(Forma mais usada no Brasil)

PRONOMES
ENXAGUAR
DELINQUIR
Eu
enxáguo
delínquo
Tu
enxáguas
delínques
Ele
enxágua
delínqui
Eles
enxáguam
delínquem
Que eu
enxágue
delínqua
Que tu
enxágues
delínquas
Que eles
enxáguem
delínquam

b)Quando forem pronunciados com “u” tônico, deixam de ter acento:
PRONOMES
ENXAGUAR
DELINQUIR
Eu
enxaguo
Delinquo
Tu
enxaguas
Delinques
Ele
Enxagua
Delinqui
Eles
Enxaguam
Delinquem
Que eu
Enxague
Delinqua
Que tu
Enxagues
Delinquas
Que eles
enxaguem
delinquam

Emprego do apóstrofo

Segundo o texto do Novo Acordo, o apóstrofo usa-se para cindir uma contração ou aglutinação vocabular, quando uma fração pertence a um conjunto vocabular distinto: d’Os Lusíadas, n’Os Lusíadas, pel’Os Lusíadas,d’Os sertões, pel’Os sertões.
Pode, no entanto, empregar-se a preposição íntegra: de Os Lusíadas, em Os Lusíadas, exatamente como acontece, quando se deixa de fazer a contração: a Os Lusíadas, a A relíquia, conquanto não digam: aos Lusíadas, à Relíquia.

O texto do Novo Acordo especifica também que se deve empregar o apóstrofo:

a) quando se quer separar a preposição ou pronome de um pronome pessoal que se
refere a Deus, Jesus, etc.:
d’Ele, n’Ele,d’Aquele,lh’O.

b) na ligação de santo, santa a nomes do hagiológico, para supressão de o e a:

Sant’Ana, Sant’Iago.

Quando se tornam perfeitas unidades mórficas, os dois elementos se aglutinam:
bairro de Santana, caminho de Santiago.

c) para assinalar a elisão do e da preposição de no interior de certos compostos:

copo-d’água, pau-d’água, pau-d’alh

Fica ainda determinado que não se usa o apóstrofo nas combinações das
preposições de e em com o artigo definido, formas pronominais diversas e advérbios:
 
dalguns doutra
dela dum
dele duma
donde nalguma
doutro neste


Uso de crase

O texto do Novo Acordo sugere que se empregue o acento grave na contração de pra (forma reduzida de para) com o, a, os, as: prò, prà, pròs, pràs.
Fora isso, o emprego do acento grave não traz nenhuma novidade, já que, desde 1971, tal acento só é utilizado para indicar o fenômeno da crase.

Emprega-se o acento grave na contração da preposição “a” com o artigo “a”. Ainda com os pronomes demonstrativos: aquele, aquela, aquilo, seus compostos e suas flexões.
a + a = à
a + as = às
a + aquele = àquele
a + aquelas = àquelas
a + aqueloutro = àqueloutro


Exemplos:

Fui ao clube.

a+o = não tem crase.
Clube=palavra masculina.


Fui à festa.

a (preposição) + a (artigo) =
tem crase
diante de palavras ou
expressões femininas.


Uso do hífen

O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa estabelece algumas alterações nas regras que eram utilizadas.

1.Quando tivermos um PREFIXO que venha antes de uma palavra iniciada pela
letra “h”, sempre será colocado o hífen:

SOBRE-HUMANO

SUPER-HOMEM

CO-HERDEIRO

ANTI-HIGIÊNICO

MINI-HOSPITAL

MACRO-HISTÓRIA

A única exceção é no caso de SUBUMANO, no qual a palavra humano perde o “h” e
não se usa hífen.

2.Quando usamos um prefixo terminado em uma vogal que seja diferente da
vogal com que se inicia o segundo elemento, também não usamos o hífen:

ANTEONTEM

AUTOESCOLA

COAUTOR

EXTRAESCOLAR

INFRAESTRUTURA

AEROESTÁTICA

PLURIANUAL

COEDIÇÃO

AUTOAPRENDIZAGEM

SEMIANALFABETO

SEMIABERTO


3.Quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com
consoante, que não seja “r” ou “s”, também não se usa o hífen:

ANTIPEDAGÓGICO

AUTOPEÇA

COPRODUÇÃO

GEOPOLÍTICA

MICROCOMPUTADOR

ULTRAMODERNO

SEMIDEUS

SEMINOVO

PSEUDOTRABALHADOR


Atenção:
No caso do prefixo VICE, não se aplica esta regra;
com VICE, sempre se usa o hífen:

VICE-REI

VICE-CAMPEÃO

VICE-PRESIDENTE

4.Quando o prefixo terminar em vogal e o segundo elemento começar por “r” ou
“s”, não se usa o hífen, mas duplica-se o “r” ou “s”:


ANTIRRUGAS              

BIORRITMO

CONTRARREGRA           

INFRASSOM

ULTRARRESISTENTE

MINISSAIA

MICROSSISTEMA           

SEMIRRETA

NEORREALISMO


5.Se tivermos um prefixo terminado em vogal e o segundo elemento começar
pela mesma vogal, teremos que utilizar o hífen:


ANTI-IMPERIALISTA

ANTI-INFLACIONÁRIO

CONTRA-ATAQUE

SEMI-INTERNO

MICRO-ÔNIBUS

ANTI-INFLAMATÓRIO

MICRO-ONDAS

AUTO-OBSERVAÇÃO


6.Um caso semelhante acontece quando o prefixo terminar por consoante e o
segundo elemento começar pela mesma consoante, também se usa hífen:

INTER-RACIAL

SUPER-RESISTENTE

SUB-BIBLIOTECÁRIO

SUPER-REACIONÁRIO

INTER-REGIONAL


7.Nos demais casos de prefixos terminados por consoante, mas os segundos
elementos não começados pela mesma consoante,não se usa o hífen:
HIPERMERCADO


INTERMUNICIPAL


SUPERPROTEÇÃO

Existem exceções!
 
Quando aparecer o prefixo SUB diante de palavra iniciada pela letra “r”, temos
que usar o hífen:

SUB-RAÇA

SUB-REGIÃO

E quando aparecerem os prefixos CIRCUM e PAN, usamos o hífen antes de
palavras iniciadas por M,N e VOGAL:

CIRCUM-NAVEGAÇÃO

PAN-AMERICANO

8.Quando tivermos uma palavra cujo prefixo termina por consoante e o
segundo elemento começa por vogal, não devemos usar o hífen:


HIPERATIVO

HIPERATLETA

INTERESTADUAL

INTERESCOLAR

SUPERAQUECIMENTO

INTERESTELAR

SUPEREXIGENTE

SUPERAMIGO

SUPERINTERESSANTE


9.Temos que usar o hífen quando aparecerem os prefixos:
SEM, EX, ALÉM, AQUÉM, PÓS, PRÉ, PRÓ:

EX-PROFESSOR

EX-ALUNO

ALÉM-TÚMULO

AQUÉM-MAR

PÓS-GRADUAÇÃO

PRÉ-HISTÓRIA

PRÓ-AMERICANO

RECÉM-NASCIDO

RECÉM-DIVORCIADO

SEM-TERRA

SEM-TETO


10. Com palavras indígenas, de origem tupi-guarani, como sufixo, temos que
usar o hífen:

AMORÉ-GUAÇU

CAPIM-AÇU  

ANAJÁ-MIRIM

11.Com duas ou mais palavras que são ocasionalmente ligadas, formando
encadeamentos vocabulares, devemos usar o hífen:


PONTE RIO – NITERÓI

EIXO RIO - SÃO PAULO

12. No caso de algumas palavras que já perderam a noção de composição, não
precisamos mais usar o hífen:


PONTAPÉ

PARAQUEDAS

PARAQUEDISTA

GIRASSOL


13.Por outro lado, para ficar mais claro, quando estivermos escrevendo uma
frase e no final da linha a partição de uma palavra acabar coincidindo com o
hífen, aí ele deve ser repetido na linha seguinte.


Exemplos:


No supermercado,
falava-
-se que o gerente era muito bravo.


A diretora ouviu tudo o que os ex-
-alunos tinham para falar.


Ninguém conseguia vencer o super-
-homem e sua força descomunal.



Um dos principais objetivos do acordo é avançar em direção à unificação ortográfica

dos países que falam a língua portuguesa pelo mundo”.

A língua é um instrumento de comunicação intimamente ligada

às questões das sociedades humanas em todas as épocas,

assim como também é um fenômeno histórico e cultural”.

Que estas novas mudanças ortográficas possam ter sido entendidas por você

de maneira clara e objetiva.

Que essas normas sirvam para o seu melhor entendimento e a correta utilização da

NOSSA LÍNGUA PORTUGUESA!




Fontes:


GOMES, Morgana. Português Fácil. Rio de Janeiro: Editora Minuano, 2009.


JUNIOR, Sérgio Baldassarini. Nova Ortografia da Língua Portuguesa conforme o Acordo Ortográfico para Países Lusófonos. Vídeo com roteiro, apresentação, edição, produção e direção de Sérgio Baldassarini Junior; supervisão pedagógica pela Profª Terezinha Oppido, Bacharel e Licenciada em Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras São Judas Tadeu. São Paulo: SBJ Produções, 2008.


NAPOLI, Tatiana. Língua Portuguesa: Reforma Ortográfica. São Paulo: Editora Escala, 2009.


SOARES, Rosalina. Guia Ortográfico da Língua Portuguesa: Orientações Sobre o Novo Acordo. Rosalina Soares; consultoria Solange Gomes; ilustrações Márcio Levyman. Curitiba: Editora Positivo, 2008.