LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA
Quase tudo na vida é comunicação (sinais, sons, cores, símbolos, dança, escultura, literatura...), tudo contém sua própria linguagem. Mesmo o silêncio (ato de se calar) revela um modo de comunicar.
Linguagem - Sem desconsiderar outras concepções, a linguagem pode ser definida como qualquer sistema de recursos que o ser humano se utiliza para comunicar suas ideias, sentimentos e experiências.
A LINGUAGEM VERBAL se estrutura por meio de palavras escritas ou faladas, ou seja, a linguagem verbalizada. No uso da linguagem verbal somos falantes/usuários de uma língua, que consiste em um sistema de representação (social e historicamente construído), formado por signos linguísticos.
A LINGUAGEM NÃO VERBAL se efetua por meio de índices, ícones e símbolos ou signos visuais, por exemplo, as imagens nas placas e as cores na sinalização de trânsito.
É por meio da socialização que nos construímos socialmente, atribuímos sentido ao que produzimos, aperfeiçoamos conhecimentos, buscando diferentes formas de estabelecermos conexões, que não se limitam ao uso da linguagem verbal.
O modo como nos apresentamos, as roupas, a
postura, as expressões faciais ou mesmo o próprio silêncio geram sentidos num
ato comunicativo, mesmo sem a utilização de falas ou textos escritos. São
incontáveis os modos de ocorrência da linguagem não verbal: mímicas, um
sorriso, um olhar de mãe, desenhos, símbolos, cores, sons, pinturas,
esculturas, coreografias, semáforos, placas de trânsito...
Língua – Código verbal pertencente a um determinado grupo de pessoas, é uma instituição social, produzida pela e para a coletividade. Variante linguística: Dialeto.
Fala – Utilização individual da língua, estilo próprio, marca que distingue um escritor de outro. Regionalismo: Fala peculiar a uma região, termos próprios, literatura regional.
Elementos da
comunicação
Num processo de comunicação temos vários elementos: Emissor, Receptor, Código/Mensagem.
Em todo tipo de comunicação,
o elemento utilizado para representar o objeto da mensagem é chamado signo. Ele
é composto de duas partes: significante (parte material) e significado (ideia
que se pretende representar). Entre os dois existe a intermediação do
referente, que corresponde ao objeto em si mesmo, para que a mensagem chegue ao
interlocutor.
Exemplo:
Palavra relógio =
significante
Objeto relógio =
referente
Compreensão da
palavra com o objeto = significado (ideia que se tem do objeto)
Adloquial: Culta, bem cuidada.
Coloquial: Popular.
Sentido real ou figurado
Linguagem não literária é objetiva, denotativa (dicionário), preocupa-se em transmitir o conteúdo. A palavra é empregada no seu sentido real, comum, literal. Linguagem científica, informativa, sem preocupação literária.
Linguagem literária é conotativa (sentido figurado, poético), as palavras adquirem significados mais amplos do que possuem. É muito importante a maneira original do autor apresentar o tema escolhido (estilo próprio, individual em dado momento histórico-social, estilo de época).
Exemplo:
Dei um mergulho na piscina. => ato ou efeito de mergulhar(-se), de lançar(-se) à água; inclinação para um plano inferior; declínio; precipitar-se de grande altura, em pronunciado voo descendente.
Mergulhei na História. => expandir as fronteiras do conhecimento.
A linguagem literária / artística / figurada tem várias funções ou finalidades, de acordo com as intenções do emissor (autor).
Uma mesma palavra pode ter vários sentidos / significados num texto, conforme o contexto (tempo e espaço social) em que se encontra.
Por que poesia?
Porque que poesia nos dias de hoje, num mundo insensível?
Porque poesia, quando os homens estão preocupados com guerra, com o
domínio? Por que poesia num mundo dominado pela tecnologia?
Acredito que, nos dias de hoje, algo nebulosos, incertos, a
poesia, a arte, aliada à educação, é a única possibilidade de fazer desfazer a
terra, de descobrir as razões da ventania. A arte tem hoje o seu momento de
aceno para a verdade, desvelando a mentira cada vez mais crescente e
assustadora. Conscientizado pela arte, o homem tem condições de mais certeza
num mundo de incerteza, tornando-se capaz, portanto, de afastar a nuvem de
ódio, de arrogância e prepotência que paira sobre nossas cabeças.
Nesse sentido, Marx foi injusto com o pensador, achando que ele
não deveria apenas interpretar o mundo, mas transformá-lo. O pensador, o poeta,
não tem o poder de modificar, mas de conscientizar o homem da necessidade de
transformação de preparar o terreno para o novo passo, para a conquista de dias
melhores.
A arte é a possibilidade única de fazer acordar a humanidade. Mais
do que nunca é importante fazer cantar o canto do poeta. Cada poeta exterioriza
o seu canto, sua maneira de ver o mundo.
(José Maria de Souza Dantas. A consciência poética de uma viagem sem fim. Linguagem. Rio de Janeiro. Presença, 1983. N. 1.)
FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Função referencial, cognitiva ou denotativa - Mensagem é transmitida de maneira clara, objetiva, sem
dupla interpretação. Ex.: Notícia, texto didático
Função expressiva ou emotiva – o emissor procura expressar seu mundo emocional, estado de
espírito, sentimentos, opiniões. É predominantemente subjetiva. Ex.: POESIA
Função apelativa ou conativa - procura estabelecer uma comunicação influenciando o interlocutor
por meio de apelos. Ex.: Anúncios publicitários
Função metalinguística - usa o próprio
código para explicá-lo. Ex.: Dicionário
Função fática – procura estabelecer,
prolongar ou interromper uma comunicação - Muito prazer, como vai etc. Ex.:
Diálogo
Função poética - o escritor procura despertar a atenção do leitor para a maneira como está sendo transmitida a mensagem. Combinações sonoras ou rítmicas, por exemplo. Poemas concretos / da realidade. Ex.: POEMA – preocupação mais com a forma do que com o conteúdo da mensagem.
Literatura ou arte literária é a expressão escrita de tudo (real, fictício, sentimental) quando o espírito humano pode criar com sensibilidade e inteligência para influir, sensibilizar, divertir ou conscientizar o homem e a sociedade sobre si mesmos ou o meio em que vivem. É a parte verbal, pois sua forma de representação é a palavra.
Littera, em Latim, significa letra, logo: Literatura é a arte que se expressa por meio da escrita. Antigamente, no entanto, denominava-se literatura tudo o que se referisse à escrita, tanto que esse termo chegou a ser considerado sinônimo de gramática (do Grego: gramma = letra), correspondia ao ensino das letras e da escrita. Só a partir do século XVIII esses conceitos se separaram, tornando-se a gramática "o ensino da língua" e a literatura "a arte de expressar livremente, por meio da palavra, o uso da imaginação". A literatura se reveste de grande importância porque é a expressão do ser humano e da vida, e porque retrata épocas, costumes e ideias.
Em literatura dividimos as obras em gêneros (na forma latina generus significa família, raça, união de elementos que apresentam as mesmas características), de acordo com o assunto ou o modo de abordá-los (estilo).
A obra literária pode apresentar-se em forma de prosa ou em verso. Quanto ao seu conteúdo e sua abordagem, o texto pode ser: lírico, dramático ou teatral, narrativo, épico, epistolar, didático, oratório, satírico, humorístico. Tanto no texto em prosa quanto em verso podemos encontrar a mescla de dois ou mais gêneros.
Gênero Lírico: Predomina a expressão de sentimentos e emoções do autor. Seu conteúdo é subjetivo e poético e pode vir expresso em forma de prosa ou verso. à voz que fala no texto chamamos eu-poético ou eu-lírico.
Gênero Dramático ou Teatral: São os textos escritos para serem apresentados em palco. na literatura interessam enquanto linguagem escrita. De acordo com o conteúdo classificam-se em: tragédia, comédia, tragicomédia ou drama (fusão dos dois anteriores), auto (originário da Idade Média, através da alegoria - personificação de virtudes, pecados, santos etc. - critica costumes ou encerra lição de moral), farsa (modalidade cômica do auto).
Gênero Narrativo: Quando a obra se propõe a contar, narrar uma história real ou fictícia, com enredo e personagem. Para exemplificar: romance, novela, conto, crônica, fábula, apólogo... A fábula e o apólogo, que nem sempre são diferenciados, encerram lições de moral e não apresentam personagens humanas. Enquanto a fábula personifica seres animados (geralmente animais), o apólogo personifica seres inanimados (como "A Linha e a Agulha", de Machado de Assis).
Gênero Épico: Caracteriza-se por narrar feitos heroicos de um povo, de uma família... Pode apresentar-se em prosa ou em verso (hoje esse tipo de produção é raro, quase não existe). O poema épico mais extenso e mais conhecido em Língua Portuguesa é "Os Lusíadas", de Luís Vaz de Camões (narra feitos heroicos dos portugueses, tendo como personagem principal Vasco da Gama).
Gênero Epistolar: Epístola é o mesmo que carta. Esse gênero abrange apenas cartas literárias.
Gênero Didático: Chamamos didático o texto que se destina a ensinar, como o texto de uma conferência, com um trabalho mais apurado na linguagem, onde se perceba a criatividade.
Gênero Oratório: Incluem-se aqui todos os textos que apresentam discursos voltados a convencer ou influenciar o leitor a respeito de algo. Pode ser um sermão, um discurso político, o texto de um formando (orador) pela sua turma etc.
Gênero Satírico e Gênero Humorístico: Podem constar tanto no verso quanto na prosa. Os dois provocam risos, com uma diferença marcante entre eles: No Gênero Humorístico exploram-se situações engraçadas, reais e imaginárias, como é o caso, por exemplo, de uma piada. No Gênero Satírico busca-se ridicularizar pessoas, situações etc. , como seria o caso do romance "Dom Quixote", de Miguel de Cervantes, em que se levam a extremos atitudes de alguém que pretende consertar o mundo.
Não confunda PROSA com VERSO, nem POESIA com POEMA:
PROSA: Texto corrido que ocupa a página, do parágrafo à margem.
VERSO: Em forma de POEMA, a linha é utilizada parcialmente.
POESIA: Sentimento da beleza, inspiração, a arte de compor poemas.
POEMA: Composição poética em versos, com escrita em linguagem bela, criativa e vigorosa.
Acontece que o autor, quando sente a poesia, passa-a para o papel em forma de poema; o leitor lê o poema e sente a poesia novamente, a seu modo. Logo, existem poemas que podem não ser poéticos e textos em prosa com poesia.
Figuras de Linguagem
Sobre as principais Figuras de Linguagem, acesse:
https://eipaludo.blogspot.com/2021/04/figuras-de-linguagem.html
Escolas Literárias / Períodos Literários
Em cada momento histórico a sociedade tem determinada visão de mundo, quer dizer, um conjunto de valores religiosos, políticos, éticos e estéticos comumente aceitos. Então, a obra literária é o resultado de uma troca de influências entre o escritor e o momento histórico por ele vivido e de toda uma atração que o liga a determinada cultura.
Veja uma síntese dos Períodos Literários em:
https://eipaludo.blogspot.com/2014/02/aspectos-principais-da-literatura.htmlBAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. Introdução e Tradução do Russo Paulo Bezerra; Prefácio à Edição Francesa Tzvetan Todorov. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
CITELLI, Adilson. Linguagem e Persuasão. Série Princípios. São Paulo: Ática, 2006.
DANTAS, José maria de Sousa. Poema. Cenário. Rio de Janeiro, RJ: Nova Fronteira, 1986.
EPSTEIN, Isaac. O signo. 5. ed. São Paulo: Ática, 1997.
GRIFFI, Beth. Português, 1: literatura, gramática e redação. 1. ed. São Paulo: Moderna, 1991.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Cognição, linguagem e práticas interaci-onais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.
SARGENTIM, G. Hermínio. Atividades de Comunicação
em
Língua Portuguesa. São Paulo: IBEP, s/d.
SIQUEIRA& BERTOLIN. Curso Completo de Português.
Antônio de Siqueira e Silva; Rafael Bertolin. São Paulo: IBEP, s/d.