INFORMAÇÃO IMPORTANTE


Este blog não tem fins lucrativos (nenhum material aqui encontrado está à venda). O objetivo exclusivo é a divulgação do material aqui exposto para fins de estudo e análise, passível de contribuições de caráter científico. Todo o acervo deste site é de uso público e gratuito.Também não se tem a pretensão de divulgar inverdades. Nesse intuito, as informações publicadas são corroboradas pelas referências bibliográficas, tidas como fonte de cada material exposto, bem como os links ou arquivos referenciados, os quais encontram-se hospedados na própria Internet. Obrigada pela visita! Volte sempre e fique à vontade para postar suas contribuições. Elizete Paludo - Organizadora do Blog.

segunda-feira, 29 de março de 2021

LINGUAGEM LITERÁRIA

LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA

Quase tudo na vida é comunicação (sinais, sons, cores, símbolos, dança, escultura, literatura...), tudo contém sua própria linguagem. Mesmo o silêncio (ato de se calar) revela um modo de comunicar.

Linguagem - Sem desconsiderar outras concepções, a linguagem pode ser definida como qualquer sistema de recursos que o ser humano se utiliza para comunicar suas ideias, sentimentos e experiências.

A LINGUAGEM VERBAL se estrutura por meio de palavras escritas ou faladas, ou seja, a linguagem verbalizada. No uso da linguagem verbal somos falantes/usuários de uma língua, que consiste em um sistema de representação (social e historicamente construído), formado por signos linguísticos.

A LINGUAGEM NÃO VERBAL se efetua por meio de índices, ícones e símbolos ou signos visuais, por exemplo, as imagens nas placas e as cores na sinalização de trânsito.

É por meio da socialização que nos construímos socialmente, atribuímos sentido ao que produzimos, aperfeiçoamos conhecimentos, buscando diferentes formas de estabelecermos conexões, que não se limitam ao uso da linguagem verbal.

O modo como nos apresentamos, as roupas, a postura, as expressões faciais ou mesmo o próprio silêncio geram sentidos num ato comunicativo, mesmo sem a utilização de falas ou textos escritos. São incontáveis os modos de ocorrência da linguagem não verbal: mímicas, um sorriso, um olhar de mãe, desenhos, símbolos, cores, sons, pinturas, esculturas, coreografias, semáforos, placas de trânsito...

Língua – Código verbal pertencente a um determinado grupo de pessoas, é uma instituição social, produzida pela e para a coletividade. Variante linguística: Dialeto.

Fala – Utilização individual da língua, estilo próprio, marca que distingue um escritor de outro. Regionalismo: Fala peculiar a uma região, termos próprios, literatura regional.

Elementos da comunicação

Num processo de comunicação temos vários elementos:  Emissor, Receptor, Código/Mensagem.

Em todo tipo de comunicação, o elemento utilizado para representar o objeto da mensagem é chamado signo. Ele é composto de duas partes: significante (parte material) e significado (ideia que se pretende representar). Entre os dois existe a intermediação do referente, que corresponde ao objeto em si mesmo, para que a mensagem chegue ao interlocutor.

Exemplo:

Palavra relógio = significante

Objeto relógio = referente

Compreensão da palavra com o objeto = significado (ideia que se tem do objeto)


Linguagem

Adloquial: Culta, bem cuidada.

Coloquial: Popular.

Sentido real ou figurado

Linguagem não literária é objetiva, denotativa (dicionário), preocupa-se em transmitir o conteúdo. A palavra é empregada no seu sentido real, comum, literal. Linguagem científica, informativa, sem preocupação literária.

Linguagem literária é conotativa (sentido figurado, poético), as palavras adquirem significados mais amplos do que possuem. É muito importante a maneira original do autor apresentar o tema escolhido (estilo próprio, individual em dado momento histórico-social, estilo de época).

Exemplo:

Dei um mergulho na piscina. => ato ou efeito de mergulhar(-se), de lançar(-se) à água; inclinação para um plano inferior; declínio; precipitar-se de grande altura, em pronunciado voo descendente.

Mergulhei na História. => expandir as fronteiras do conhecimento.

A linguagem literária / artística / figurada tem várias funções ou finalidades, de acordo com as intenções do emissor (autor).

Uma mesma palavra pode ter vários sentidos / significados num texto, conforme o contexto (tempo e espaço social) em que se encontra.

Por que poesia?

 

Porque que poesia nos dias de hoje, num mundo insensível?

Porque poesia, quando os homens estão preocupados com guerra, com o domínio? Por que poesia num mundo dominado pela tecnologia?

Acredito que, nos dias de hoje, algo nebulosos, incertos, a poesia, a arte, aliada à educação, é a única possibilidade de fazer desfazer a terra, de descobrir as razões da ventania. A arte tem hoje o seu momento de aceno para a verdade, desvelando a mentira cada vez mais crescente e assustadora. Conscientizado pela arte, o homem tem condições de mais certeza num mundo de incerteza, tornando-se capaz, portanto, de afastar a nuvem de ódio, de arrogância e prepotência que paira sobre nossas cabeças.

Nesse sentido, Marx foi injusto com o pensador, achando que ele não deveria apenas interpretar o mundo, mas transformá-lo. O pensador, o poeta, não tem o poder de modificar, mas de conscientizar o homem da necessidade de transformação de preparar o terreno para o novo passo, para a conquista de dias melhores.

A arte é a possibilidade única de fazer acordar a humanidade. Mais do que nunca é importante fazer cantar o canto do poeta. Cada poeta exterioriza o seu canto, sua maneira de ver o mundo.

 (José Maria de Souza Dantas. A consciência poética de uma viagem sem fim. Linguagem. Rio de Janeiro. Presença, 1983. N. 1.)


FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Função referencial, cognitiva ou denotativa - Mensagem é transmitida de maneira clara, objetiva, sem dupla interpretação. Ex.: Notícia, texto didático

Função expressiva ou emotiva – o emissor procura expressar seu mundo emocional, estado de espírito, sentimentos, opiniões. É predominantemente subjetiva. Ex.: POESIA

Função apelativa ou conativa - procura estabelecer uma comunicação influenciando o interlocutor por meio de apelos. Ex.: Anúncios publicitários

Função metalinguística - usa o próprio código para explicá-lo. Ex.: Dicionário

Função fática – procura estabelecer, prolongar ou interromper uma comunicação - Muito prazer, como vai etc. Ex.: Diálogo

Função poética - o escritor procura despertar a atenção do leitor para a maneira como está sendo transmitida a mensagem. Combinações sonoras ou rítmicas, por exemplo. Poemas concretos / da realidade. Ex.: POEMA – preocupação mais com a forma do que com o conteúdo da mensagem.

Literatura ou arte literária é a expressão escrita de tudo (real, fictício, sentimental) quando o espírito humano pode criar com sensibilidade e inteligência para influir, sensibilizar, divertir ou conscientizar o homem e a sociedade sobre si mesmos ou o meio em que vivem. É a parte verbal, pois sua forma de representação é a palavra.

Littera, em Latim, significa letra, logo: Literatura é a arte que se expressa por meio da escrita. Antigamente, no entanto, denominava-se literatura tudo o que se referisse à escrita, tanto que esse termo chegou a ser considerado sinônimo de gramática (do Grego: gramma = letra), correspondia ao ensino das letras e da escrita. Só a partir do século XVIII esses conceitos se separaram, tornando-se a gramática "o ensino da língua" e a literatura "a arte de expressar livremente, por meio da palavra, o uso da imaginação". A literatura se reveste de grande importância porque é a expressão do ser humano e da vida, e porque retrata épocas, costumes e ideias.

Em literatura dividimos as obras em gêneros (na forma latina generus significa família, raça, união de elementos que apresentam as mesmas características), de acordo com o assunto ou o modo de abordá-los (estilo).

A obra literária pode apresentar-se em forma de prosa ou em verso. Quanto ao seu conteúdo e sua abordagem, o texto pode ser: lírico, dramático ou teatral, narrativo, épico, epistolar, didático, oratório, satírico, humorístico. Tanto no texto em prosa quanto em verso podemos encontrar a mescla de dois ou mais gêneros.

Gênero Lírico: Predomina a expressão de sentimentos e emoções do autor. Seu conteúdo é subjetivo e poético e pode vir expresso em forma de prosa ou verso. à voz que fala no texto chamamos eu-poético ou eu-lírico.

Gênero Dramático ou Teatral: São os textos escritos para serem apresentados em palco. na literatura interessam enquanto linguagem escrita. De acordo com o conteúdo classificam-se em: tragédia, comédia, tragicomédia ou drama (fusão dos dois anteriores), auto (originário da Idade Média, através da alegoria - personificação de virtudes, pecados, santos etc. - critica costumes ou encerra lição de moral), farsa (modalidade cômica do auto).

Gênero Narrativo: Quando a obra se propõe a contar, narrar uma história real ou fictícia, com enredo e personagem. Para exemplificar: romance, novela, conto, crônica, fábula, apólogo... A fábula e o apólogo, que nem sempre são diferenciados, encerram lições de moral e não apresentam personagens humanas. Enquanto a fábula personifica seres animados (geralmente animais), o apólogo personifica seres inanimados (como "A Linha e a Agulha", de Machado de Assis).

Gênero Épico: Caracteriza-se por narrar feitos heroicos de um povo, de uma família... Pode apresentar-se em prosa ou em verso (hoje esse tipo de produção é raro, quase não existe). O poema épico mais extenso e mais conhecido em Língua Portuguesa é "Os Lusíadas", de Luís Vaz de Camões (narra feitos heroicos dos portugueses, tendo como personagem principal Vasco da Gama).

Gênero Epistolar: Epístola é o mesmo que carta. Esse gênero abrange apenas cartas literárias.

Gênero Didático: Chamamos didático o texto que se destina a ensinar, como o texto de uma conferência, com um trabalho mais apurado na linguagem, onde se perceba a criatividade.

Gênero Oratório: Incluem-se aqui todos os textos que apresentam discursos voltados a convencer ou influenciar o leitor a respeito de algo. Pode ser um sermão, um discurso político, o texto de um formando (orador) pela sua turma etc.

Gênero Satírico e Gênero Humorístico: Podem constar tanto no verso quanto na prosa. Os dois provocam risos, com uma diferença marcante entre eles: No Gênero Humorístico exploram-se situações engraçadas, reais e imaginárias, como é o caso, por exemplo, de uma piada. No Gênero Satírico busca-se ridicularizar pessoas, situações etc. , como seria o caso do romance "Dom Quixote", de Miguel de Cervantes, em que se levam a extremos atitudes de alguém que pretende consertar o mundo.

Não confunda PROSA com VERSO, nem POESIA com POEMA:

PROSA: Texto corrido que ocupa a página, do parágrafo à margem.

VERSO: Em forma de POEMA, a linha é utilizada parcialmente.

POESIA: Sentimento da beleza, inspiração, a arte de compor poemas.

POEMA: Composição poética em versos, com escrita em linguagem bela, criativa e vigorosa.

Acontece que o autor, quando sente a poesia, passa-a para o papel em forma de poema; o leitor lê o poema e sente a poesia novamente, a seu modo. Logo, existem poemas que podem não ser poéticos e textos em prosa com poesia.

Figuras de Linguagem

Sobre as principais Figuras de Linguagem, acesse:

https://eipaludo.blogspot.com/2021/04/figuras-de-linguagem.html

Escolas Literárias / Períodos Literários

Em cada momento histórico a sociedade tem determinada visão de mundo, quer dizer, um conjunto de valores religiosos, políticos, éticos e estéticos comumente aceitos. Então, a obra literária é o resultado de uma troca de influências entre o escritor e o momento histórico por ele vivido e de toda uma atração que o liga a determinada cultura.

Veja uma síntese dos Períodos Literários em:

https://eipaludo.blogspot.com/2014/02/aspectos-principais-da-literatura.html

ALGUMAS REFERÊNCIAS:

BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. Introdução e Tradução do Russo Paulo Bezerra; Prefácio à Edição Francesa Tzvetan Todorov. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

CITELLI, Adilson. Linguagem e Persuasão. Série Princípios. São Paulo: Ática, 2006.

DANTAS, José maria de Sousa. Poema. Cenário. Rio de Janeiro, RJ: Nova Fronteira, 1986. 

EPSTEIN, Isaac. O signo. 5. ed. São Paulo: Ática, 1997.

GRIFFI, Beth. Português, 1: literatura, gramática e redação. 1. ed. São Paulo: Moderna, 1991.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Cognição, linguagem e práticas interaci-onais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.

SARGENTIM, G. Hermínio. Atividades de Comunicação em

Língua Portuguesa. São Paulo: IBEP, s/d.

SIQUEIRA& BERTOLIN. Curso Completo de Português. 

Antônio de Siqueira e Silva; Rafael Bertolin. São Paulo: IBEP, s/d.