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O gênero Conto é estruturado como uma
narrativa curta que, em geral, apresenta em seu enredo apenas um conflito, com
espaço (ou cenário) geralmente limitado a um ambiente, poucos personagens e
recorte temporal reduzido.
A origem dos contos está
relacionada à tradição de contar histórias de forma verbal. Sua escrita em
prosa é de menor complexidade em relação ao romance. Modelo literário,
contudo, com características muito parecidas com a crônica, diferenciando-se
pelo teor do texto.
CONTO E CRÔNICA
Enquanto o conto objetiva contar
uma história curta, fictícia ou não, a crônica costuma trazer alguma
reflexão implícita ou algum ensinamento aplicável ao cotidiano, geralmente com
toques de humor ou ironia.
Por ser um gênero que transita entre o estilo literário
e jornalístico, pode assumir a forma de uma história linear (com início, meio e
fim) ou trazer um conjunto de ideias estruturadas de outras maneiras como, por
exemplo, a “Atualização da carta do descobrimento”, de Paulo D’Angelo, disponível
em:
Dependendo da temática explorada,
há diversos tipos de contos, do qual se destacam algumas subdivisões: Contos
realistas (narram situações realistas e não imaginárias); Contos
populares (histórias transmitidas de uma geração para outra); Contos
fantásticos (mistura de realidade com ficção e acontecimentos absurdos); Contos
de terror (histórias cheias de mistério, suspense e medo); Contos de
humor (conteúdo desafiador e divertido); Contos infantis (narrativas
para crianças, que transmitem alguma lição moral); Contos psicológicos
(histórias que envolvem lembranças e sentimentos, com a intenção de levar o
leitor a refletir); Contos de fadas (presença de elementos mágicos e
fantasiosos, histórias com personagens fantásticos – príncipes, princesas, objetos
voadores, animais falantes, dragões, elfos, fadas, bruxas, gigantes, gnomos,
unicórnios - que se desenvolvem em torno de encantamentos, acontecimentos
trágicos, sobrenaturais, mas quase sempre com final feliz.
Em virtude da importância do
gênero tradição literária brasileira, muitas faculdades e universidades
solicitam aos candidatos, em seus vestibulares, que produzam contos.
MITOS E LENDAS DO FOLCLORE BRASILEIRO
Veja exemplos de histórias de
ficção que povoam o imaginário popular desde os tempos remotos:
Lenda do
Saci-Pererê - História do folclore brasileiro (estudokids.com.br)
“Os contos de fadas, velhos
conhecidos da infância, são gêneros medievais que ainda fazem muito sucesso.
Por definição, esse tipo de narrativa tem personagens folclóricos, tais como:
fadas, gnomos, animais personificados etc. Além disso, é comum que esse tipo de
conto apresente um fundo moral claro e, por isso, tem certo caráter didático.”
(MARINHO, Fernando. "Conto "; Brasil Escola.)
A origem dos contos de fadas
O mundo dos livros, das boas
histórias, quando cultivado desde a infância, pode trazer inúmeros benefícios
para fortalecer os laços afetivos, introduzir o gosto pela literatura,
instruir, ampliar a visão de mundo, desenvolver o sentido da audição, entre
outros ganhos.
Conforme
consta em https://www.campusvilla.com.br/contacao-de-historias-na-educacao/,
a leitura tem muitos benefícios e pode favorecer as conexões neurais dos
cérebros, inclusive ajuda a reduzir a insegurança da criança. A contação de
histórias desde a infância é um rito social importante, na época da construção
do imaginário da criança, que pode suavizar o medo do desconhecido e melhorar o
enfrentamento dos desafios da vida. De acordo com um estudo realizado por
pesquisadores da Universidade de Nova York, “a leitura em voz alta pode
prevenir comportamentos negativos, como a falta de concentração, obsessão,
agressividade, ansiedade e hiperatividade, e incentivar comportamentos
positivos, como concentração ou atenção”.
E como
faz bem recordar, quem passou por boas experiências em leitura na infância, sabe
bem o significado de conhecer belas histórias. São momentos valorosos que ficam
eternizados nas memórias, tanto que já as sabemos de cor.
SegundoPriscila Melo (2015), em https://www.estudokids.com.br/a-origem-dos-contos-de-fadas/
, os primeiros contos “eram feitos para os adultos com o intuito de distraí-los
em reuniões, e outros encontros (...) Esse aspecto que vemos hoje nos contos, que
envolve o lúdico e a fantasia, veio da necessidade de amenizar aquelas
histórias que eram polêmicas e controversas”. Os contos de fadas eram
transmitidos oralmente. Charles Perrault foi o primeiro a adaptar os contos e
torná-los “infantis”. Dando início à literatura infantil, ele reescreveu oito
histórias muito conhecidas: A Bela Adormecida, Chapeuzinho Vermelho, O Barba
Azul, O Gato de Botas, As Fadas, Cinderela ou A Gata Borralheira, Henrique do
Topete e O Pequeno Polegar. Com as pesquisas e obras de Jacob e Wilhelm Grimm, que
também começaram a reescrever os contos, noséculo XVIII, essa literatura se tornou mais conhecida. Seus contos
foram mais adaptados do que os de Perrault, já que eles tinham uma visão mais
voltada para a fé cristã e os valores morais. Na sequência, o dinamarquês Hans
Christian Andersen adotou o mesmo estilo dos Irmãos Grimm, mas com versões
diferentes. Ele gostava de mostrar às crianças que para alcançar seus objetivos
era preciso passar por provações, por caminhos difíceis para então poder chegar
ao céu. Seus contos nem sempre tinham finais felizes. No Brasil, destaca-se Monteiro
Lobato com obras que fazem sucesso e servem de base para o início literário das
crianças.
Mas qual o verdadeiro significado dos contos de fadas?
Conforme
nos contaHephzibah Anderson, da BBC
Culture, 2015 (https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/01/141219_vert_cul_contos_fadas),
desde que Walt Disney Company assumiu o controle do reino dos contos de fadas e
se tornou uma corporação de mídia multinacional, “gerações de crianças de todo
o mundo cresceram assistindo a versões animadas de histórias que durante
séculos não estavam nem no papel, e muito menos vinham acompanhadas de uma
infinidade de brinquedos caros”.
Essas
históriascontadas verbalmente de modo pouco
sofisticado com descrições beirando o banal (florestas são densas, princesas
são bonitas, os bonzinhos são sempre bonzinhos e os malvados, malvados...)
possuem características difíceis de serem ignoradas.
A origem assustadora dos contos
Para além
do que aprendemos com as narrativas de seres encantados, de bruxas e princesas,
dos finais “felizes para sempre”, há detalhes que só com o tempo fomos capazes
de compreender.
Como os
contos de certo modo têm como suporte os fatos do mundo real, situações que apenas
passavam superficialmente diante dos nossos olhares desatentos, hoje instigam
nossas mentes ao que se configura de modo mais estranho, ousado, trágico ou
polêmico.
Assim
nosso estudo ganha outro viés, mais questionador, que nos faz querer descobrir
o lado que nunca nos contaram das histórias que tanto nos encantaram.
Para
tanto, servem de apoio alguns estudos, como os que seguem.
A intertextualidade,
compreendida como “diálogo entre textos”, ganha espaço em obras mais recentes da
literatura, podendo ser empregada em narrativas discursivas ou mídias, como
filmes, minisséries, novelas, músicas, jogos etc. Veja exemplos em:
Outro
diálogo intertextual está em “O Príncipe Sapo”.
No dia do
seu casamento, o Príncipe Jonh é apanhado no flagra. Como castigo, ele e seu
fiel escudeiro são transformados em sapos para toda a eternidade. Ou até o
príncipe convencer uma donzela a beijá-lo e depois casar com ele. Séculos se
passam e, por acidente, os dois sapos são transportados para Nova York. Em uma
região e tempos completamente diferentes e numa sociedade onde os costumes são
bem diferentes, o príncipe sapo terá problemas dobrados para encontrar seu
verdadeiro amor e aquela garota capaz de devolvê-lo à forma humana.
Once Upon
a Time (Era Uma Vez): uma série de televisão americana de drama e fantasia
criada por Adam Horowitz e Edward Kitsis (2011 a 2018), na emissora ABC. A
série segue vários personagens de contos de fadas que foram trazidos para o
mundo real e tiveram suas memórias originais roubadas por uma maldição
poderosa. Os episódios podem ser vistos em:
Ao transitar por entre os diferentes
gêneros literários – como o conto, a fábula e o romance – percebemos que parecem
ser iguais, mas que contam com importantes diferenças tanto na escolha de
personagens como na finalidade de cada um. Veja mais detalhes:
Da origem da linguagem às línguas mais faladas no
mundo.
Das línguas românicas ou neolatinas ao Novo
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
A ORIGEM DA LINGUAGEM
Atualmente, existem mais de 6.500 idiomas
no mundo.
Mas qual foi a origem, remota e primeira,
das línguas?
De acordo com estudos de Gladstone Chaves
de Melo, em A ORIGEM
DA LINGUAGEM (filologia.org.br), linguagem
é a palavra de duplo sentido, pode significar a faculdade que o homem tem de
comunicar-se intencionalmente e por meio de sinais. Neste caso, trata-se da origem do homem e
de uma propriedade essencial à espécie: todos os
homens têm e sempre tiveram a necessidade de interagir.
Assim, a palavra significa qualquer
manifestação exterior realizada por grunhidos, expressões gestuais, fisionômicas ou
construídas, como os desenhos nas paredes das cavernas, as significantes fogueiras,
o telégrafo de Morse, os atuais semáforos para governar o trânsito nas cidades
maiores, o sistema de leitura em braile, a comunicação dos surdos-mudos, por meio de sinais que significam
letras ou símbolos e que permitem comunicações rápidas e
eficientes.
O interesse em investigar a origem primeira de um tipo de linguagem articulada dá conta de que esta se realiza por meio
de sons ou ruídos vocais, produzidos pela laringe e modificados na caixa de
ressonância, fixa ou móvel, que produz, num caso, o timbre individual e, noutro
caso, os diversos fonemas que constituem o sistema sonoro do idioma tal ou tal:
/a/, /e/, /i/, /o/, /u/, /b/, /t/, /ç/... cuja origem (resultados históricos de
uma protolíngua) tem sido preocupação de linguistas desde tempos remotos da
história da humanidade.
Nos estudos realizados com maior ou menor
rigor descobriram-se diversas famílias, como a indo-chinesa, a dravídica, a
malaio-polinésica, a uraloaltaica, a indo-europeia, a afro-asiática, a banta, a camítica, a
semítica, a sudanesa, grupos americanos... Das diversas famílias aqui enumeradas, a mais conhecida e estudada é a indo-europeia, que apresenta documentos muito antigos e que cobre uma grande
área, desde a Índia, passando pelo Afeganistão, a Pérsia e o Mar Cáspio, até
praticamente toda a Europa, exceptuadas apenas três línguas, o basco, o húngaro
e o finlandês, estas últimas aparentadas, embora separadas e distanciadas há uns
dois mil anos.
Esse indo-europeu comum, que teria
existido há mais de quatro mil anos, com o tempo e com a expansão, se desgarrou
em 12 grupos, dos quais emanam subgrupos e, daí, dezenas de línguas diferentes: o hitita, falado outrora na Capadócia e desaparecido há cerca de
dois mil anos, o tocário, também desaparecido, falado em Koutchua até o século
VII de nossa era, e o ramo indo-iraniano, que se desdobrou em índico e
iraniano. Saltando por etapas intermédias, está ele hoje representando por mais
de cem línguas, que se falam quase todas dentro dos domínios políticos da India
(onde se ouvem mais de 200 idiomas filiados ou não ao indo-europeu, ao
dravídico e ao monkmer).
Aí se destaca, pela importância
cultural, o Sânscrito, fixado pelo admirável gramático Panini,
cuja obra só em tempos mais recentes vem sendo conhecida e que viveu no século
IV a. C. O SÂNSCRITO
É UMA LÍNGUA CLÁSSICA, DE VASTA LITERATURA E QUE ATÉ HOJE FUNCIONA COMO LÍNGUA
ERUDITA DE COMUNICAÇÃO ENTRE OS PANDITES DA ÍNDIA, EXATAMENTE COMO O FOI O
LATIM NA IDADE MÉDIA. Poderíamos fazer referência, entre as
línguas atuais, ao Bengali (na região de Calcutá e do delta do Ganges), em que
estão as obras do poeta universal Rabindranath Tagore.
Do ramo, persa, ou irariano, provêm diversas línguas, que se estendem dos
vales do Pamir ao Curdistão e do Balochistão e Afganistão ao Mar Cáspio. Delas
a mais importante é o persa, que vem de longe e que atualmente é escrito em
ALFABETO ÁRABE, como, aliás, acontece com quase todas as línguas modernas do
grupo. A par da influência na escrita contribui largamente o árabe para a
língua persa de hoje, cujo vocabulário é já talvez menos iraniano que semita. Dos ramos que floresceram e se
multiplicaram na Europa, cabe referir em primeiro lugar (pela ordem geográfica) o GREGO-COMUM, idioma
dos antigos helenos. Quando se toma contato histórico com a língua, já está ela
diversificada nas diversas regiões, de modo que se podem classificar os falares
em quatro grupos dialetais, jônico-ático, aqueu, eólico e dórico.
Das línguas
antigas, destaca-se o grego
clássico, ático, veículo de uma importantíssima literatura e de que se serviram
Platão e Aristóteles. “O grego
atual, ou romaico, está para esse grego clássico, mais ou menos como o italiano
para o latim”.
Outro interesse de estudos reside na família linguística afro-asiática, que inclui o hebraico dos povos fenícios (os quais negociavam com os gregos e outros povos da antiguidade e foram os responsáveis pela criação do alfabeto árabe, grego, hebraico e
latino): o ARAMAICO. O nome da língua descende de Aram, uma antiga região do centro da Síria. Trata-se de uma escrita ancestral de línguas administrativas dos impérios da antiguidade, no Oriente Médio.
Um longo preâmbulo da ciência linguística sobre a linguagem articulada, sobretudo nas feições
comparativas e diacrônicas -, conforme se diz depois do linguista Saussurre, para
designar a perquirição no tempo, passado, sobretudo na evolução linguística.
Cabem
ainda estudos mais minuciosos sobre a origem mais remota, do ponto-de-partida,
da gênese do fenômeno, tão universal e hoje tão variado. E não
têm faltado filósofos e filosofantes que propuseram aos estudos desse fenômeno linguístico, inclusive com diversas teorias a esse respeito, de caráter mais investigativo, seja com mais apoio em fatores biológicos ou nas crenças pautadas em documentos históricos.
Ensina-nos a Bíblia que Deus
revelou a linguagem articulada ao primeiro homem: primeiro fez-se o verbo (a palavra). Ou as tentativas de rastrear o emprego de sinais
naturais, em particular onomatopeias (figura de linguagem), que em grande número se encontram nas
raízes das palavras de nossas línguas modernas, como, por exemplo, em francês, o
susurer, o coq, o cou-cou, o glou-glou, o tic-tac etc. Eram já sinais vocais, que
se ajeitavam e variavam, para torná-los adequados a significar as matrizes do
pensamento, transformando-os em sinais arbitrários estabelecidosespontaneamente na tentativa humana de se compreender.
Aperfeiçoada pelo esforço de todos, a
linguagem inventada e graças às tradições, transmite resultados bem sucedidos
na comunicação; mas ao mesmo tempo, ela se modifica e evolui, como tudo o que vive. Quando raças e grupos sociais da humanidade se dividiram e
diversificaram, também ela se cindiu em línguas diferentes. A linguagem se comporta como um fato social: apesar de formada por sinais
arbitrários, ela não evolui ao acaso, mas ao seguir leis que a
ciência determina e seexplicam em conformidade com fatores sociológicos de
evolução, como, por exemplo, o meio, o tempo, a raça.
“Apesar de todas as diversidades, todas
as línguas humanas têm um fundo comum, constituído por certo número de raízes
semelhantes. na maioria dos casos, de origem indo-europeia. Sobretudo, o que mais se assemelha por toda parte é o próprio pensamento,
com as operações intelectuais significadas e sintetizadas em sistemas de
verdades científicas: em todos os lugares e sempre, sem grande dificuldade, os
homens de todas as raças chegam a compreender-se e a comunicar, uns aos outros,
seu patrimônio intelectual, estabelecendo uma equivalência entre suas línguas.
A hipótese explicativa deste fato é a unidade específica da
humanidade, estando ligada a diversidade das línguas às diferenças individuais,
socializadas pelas raças e as nações.”
“A grande maioria das espécies que habitam nosso
planeta se comunicam de alguma forma. Mas não tem nada que se pareça com a linguagem
humana.”
In.: Analía Llorente. “Por que a origem da linguagem ainda é
uma incógnita para a ciência”.
“A linguagem em si é
bastante difícil de definir, já que tem, por exemplo, expressões transitórias
que não deixam rastros, nunca é inerte, muda com o tempo, é infinitamente
flexível e quase globalmente presente. O fato é que a complexidade da nossa
linguagem, seja qual for o tipo que usamos, nos torna únicos. Nos permite
interagir com os nossos pares e falar sobre o passado, presente ou futuro e
transmitir conhecimento. Sua origem e evolução são uma grande incógnita para
a comunidade científica, talvez a mais difícil de todas.”
Mas há algumas
pistas... Estima-se que a
linguagem humana tenha algumas centenas de milhares de anos. Acredita-se que a linguagem tenha pelo menos 50 mil anos, mas a
maioria dos linguistas crê que seja bem mais antiga — alguns estimam que possa
ter até meio milhão de anos. Também é possível que,
apesar da diversidade de idiomas que existem no mundo, todos descendam de um
antepassado comum. Outras hipóteses: Há várias teorias sobre como a linguagem da
nossa espécie se originou. Mas nenhuma ainda é conclusiva. Uma das mais
difundidas — e debatidas — é que a linguagem humana se originou primeiro por
meio de gestos manuais.
É provável que a
linguagem tenha surgido da necessidade de se alimentar, para indicar onde havia comida ou mesmo para defender uma condição social de vida da espécie humana, até mesmo o ato de se obrigar a impor suas vontades na luta por uma melhor condição no espaço social. É possível que os
motivos que levaram os primeiros humanos a falar tenham sido para explorar o
ambiente ao seu redor e consumir diferentes alimentos. Se há milhares de anos
o ser humano saía para explorar territórios e encontrava comida na forma de uma carcaça de animal,
por exemplo, tinha de ser capaz de voltar ao lugar onde vivia e
comunicar aos demais onde estavam os alimentos. A maioria dessas
propostas tem em comum a ideia de que a sintaxe da linguagem tem um desenho
complexo, semelhante, por exemplo, ao nosso sistema visual, e que a adaptação
biológica é, talvez, a única forma de explicar a aparência desse esquema.
"A linguagem
surge da interação de três sistemas adaptativos diferentes: aprendizagem individual, transmissão cultural e
evolução biológica. Isso sugere que
tanto a adaptação biológica quanto a transmissão cultural podem ter interagido
com a evolução da linguagem", diz o estudo "Evolução da linguagem:
consensos e controvérsias".
Assista o vídeo: A história da escrita- das paredes das cavernas ao computador
Mas quais foram os
idiomas mais antigos do mundo, origens e curiosidades
SegundoEmilly Krishna (2019), em https://segredosdomundo.r7.com/idiomas-mais-antigos-do-mundo/,
“Desde os primórdios, o ser humano se destaca devido sua capacidade de
comunicação. Seja por gestos, imagens ou letras. Basicamente, usamos a língua
em todos os momentos de nossa vida. E o mais interessante é que civilizações de
várias regiões do mundo – sem nem mesmo conhecerem a existência uma das outras –,
criaram idiomas diversificados.” Como por exemplo, a primeira
língua falada que se tem testemunhos gráficos, suspeita-se que pode ter sido a
Suméria. Basicamente, suas primeiras
inscrições têm origem em 3000 a.C. Além do mais, o seu alfabeto é cuneiforme, ou
seja, gravada com objetos em forma de concha.
Vale ressaltar que, a até meados do
ano 1000 a.C. essa língua era dividida nos ramos indiano ou indo-ário e iraní ou pers, sendo que o ramo
indiano desenvolveu-se no noroeste da Índia. A história do indiano antigo inclui o
védico e o sânscrito.
Assim sendo, o indiano médio possui
dialetos vernáculos do sânscrito, chamados prácritos. Dentre eles, procede o
páli, que é a língua sagrada dos textos budistas, e ainda o indiano novo ou
moderno. Sobretudo, as línguas mais relevantes desse idioma, são o híndi e
o urdu. Tanto é que a híndi, a qual tem origem no sânscrito, é falada por cerca
de 180 milhões de hindus. Por outro lado, a segunda, de origem persa, é
considerada a língua dos muçulmanos. No mais, existem outras línguas
indianas, como o bengali, por exemplo, o qual é falado por mais
de 120 milhões de pessoas em Bengala e Bangladesh. Ainda o penjabi, o
biari e o cingalês, que é o idioma oficial do Sri Lanka e o romani, que é a
língua dos ciganos. Vale destacar que cerca de 150 milhões de pessoas falam 23 línguas dravídicas, principalmente no sul da Índia. Inclusive, dentre essas, quatro têm
condições de serem idiomas oficiais: tamil, télugo, canará e
malaio, os quais contam basicamente com produção literária e escrita autônoma.
A priori, essa língua é falada por mais de 120 milhões de pessoas
somente no Japão. Ela ainda é falada por mais de 200 mil no Havaí, por 200 mil
nos Estados Unidos e por quase 400 mil no Brasil. Uma curiosidade sobre essa língua é que não existem relações
entre ela e outros idiomas. A única semelhança é no léxico com as
línguas do leste da Ásia, como as tibetano-birmanas e as austro-asiáticas. A partir do século VIII em diante, os caracteres da língua chinesa
passaram a ser utilizados como sinais fonéticos: cada signo representava
uma sílaba. Um século depois, esses caracteres foram abreviados e deram lugar à aparição de dois silabários japoneses ou kana, que
consistem em um “sinal que representa uma sílaba”: o katakana e o hiragana. O mais interessante é que logo depois da II Guerra
Mundial o número de caracteres de representação desse idioma caiu para 1.850.
Mas depois de um tempo, esse número acabou subindo novamente para 2 mil.
Vale destacar que esse processo foi toda uma tentativa de simplificar a língua
escrita.
Primeiramente, os hieróglifos podem ser definidos como uma escrita
sagrada, a qual era usada no Egito antigo. Inclusive, era uma escrita
reservada às pessoas que supostamente tinham poder divino, como sacerdotes e membros
da realeza.
Sobretudo, alguns estudiosos afirmam que essa escrita pode ter
começado em tempos pré-históricos, por meio de imagens. Aliás, foram eles que
estabeleceram símbolos para todas os sons consonantais da língua. Tanto é que
durante 3000 anos constituíram a linguagem monumental do Egito.
Porém, a última inscrição conhecida de hieróglifos é do ano de 394
d.C., quando o Egito era uma província romana. Até porque muitos acreditam que
vários hieróglifos foram propositadamente obscurecidos pelos escribas sacerdotais.
Basicamente, a intenção era tornar os sinais e o conhecimento
incompreensíveis para a maioria dos egípcios.
Inclusive, somente em 1822, um linguista francês conseguiu provar
que aqueles desenhos podiam formar palavras relacionadas com as imagens.
Portanto, daí em diante, os homens do Ocidente começaram a compreender a
linguagem e o próprio povo egípcio, até então misterioso.
Essa história da Torre de Babel é contada no Antigo Testamento, no livro de Gênesis. De acordo com a versão bíblica, a torre foi construída na Babilônia pelos descendentes de Noé. Inclusive, eles montaram a torre com a intenção
de eternizar seus nomes. A intenção inicial era construir uma torre para alcançar o céu.
Porém, esse ato soberbo não agradou tanto assim a Deus que, para
castigá-los, confundiu as línguas das pessoas e as espalhou por toda a
Terra. A intenção era que, devido
à soberba, eles não conseguissem mais se comunicar uns com as outros. O mais
interessante é que a história da Torre de Babel tem inspiração no
templo de Marduk. Esse nome, em hebraico, é Babel ou Bavel e significa “Porta
de Deus”. Sobretudo, vale destacar que nos dias atuais, essa história é vista como
uma tentativa dos povos antigos de explicarem a diversidade de idiomas.
Inclusive, ainda restam no sul da antiga Mesopotâmia, ruínas de torres que se
ajustam perfeitamente à torre de Babel descrita pela Bíblia.
Além do mais, foram os fenícios os responsáveis pelo alfabeto árabe,
grego, hebraico e latino. Esses povos eram chamados de
sidônios no Antigo Testamento, e de fenícios, pelo poeta Homero. Foram eles, afinal, que fundaram as
primeiras povoações na costa mediterrânea, por volta de 2500 a.C.
Primeiramente, essa língua é a mais significativa no ramo
iraniano. Ela faz parte da subfamília das línguas
indo-iranianas, que pertencem ao conjunto indo-europeu. É o idioma do Irã, o qual era conhecido como Pérsia. Língua também falada no
Afeganistão e, em forma arcaica, no Tajiquistão e região de Pamir.
Sobretudo, o persa, ou iraniano moderno, emprega o alfabeto árabe e possui uma
literatura rica e extensa.
Veja mais vídeos interessantes sobre a
origem da linguagem:
A Língua Portuguesa pertence ao grupo das chamadas línguas românicas ou neolatinas,
derivadas de uma língua morta (não mais falada por nenhum povo, mas que sobrevive
em documentos) o Latim.
A Língua Latina era falada entre os séculos VIII a.C. e VI d.C. por um povo que habitava, na
Península Itálica uma região chamada Lácio,
que corresponde hoje à cidade de Roma.
O povo
romano, guerreiro e conquistador, invadiu a Península Ibérica e, dessa forma,
teve início a partir do século III a.C. a romanização da região, que incluía a
imposição do Latim como língua oficial.
Esse povo foi crescendo e anexando novas terras a seu domínio. Os romanos chegaram a possuir um grande império, o Império Romano.
A cada conquista, impunham aos vencidos seus hábitos, suas instituições, os padrões de vida e a Língua Latina.
As línguas românicas, novilatinas ou latinas foram as línguas constituídas a partir do Latim: o Português, o Francês, o Espanhol, o Italiano, o Romeno, o Catalão, o Sardo e o Provençal.
A
ocupação romana se estendeu até o século V d.C. e apenas um pequeno grupo da região
dos Pirineus conseguiu manter a
língua que falava anteriormente: o basco.
Existiam duas modalidades do latim: o latim vulgar (sermo vulgaris, rusticus, plebeius) e o latim clássico (sermo litterarius, eruditus, urbanus).
A língua
escrita (Latim clássico, dos grandes escritores romanos: Cícero, Horácio,
Virgílio, Ovídio, Homero, etc.) era diferente da falada (Latim vulgar, a língua coloquial, popular, sujeita a alterações frequentes), essa
última que se expandia, por ser falada pelos soldados. Mas não chegou a cada
lugar invadido com suas características originais, pois carregava consigo
marcas do idioma de outros povos dominados anteriormente.
A modalidade do latim imposta aos povos vencidos era a vulgar. Os povos vencidos eram diversos e falavam línguas diferenciadas, por isso em cada região o Latim vulgar sofreu alterações distintas, o que resultou no surgimento dos diferentes romanços e posteriormente nas diferentes línguas neolatinas. O domínio não era apenas territorial, mas também cultural.
No século V da era cristã, a
península sofreu invasão de povos bárbaros germânicos (vândalos, suevos e
visigodos). Como possuíam cultura pouco desenvolvida, os novos conquistadores
aceitaram a cultura e língua peninsular. Influenciaram a língua local acrescentando a ela
novos vocábulos e favorecendo sua dialetação já que cada povo bárbaro
falava o latim de uma forma diferente. Com a queda
do Império Romano, as escolas foram fechadas e a nobreza desbancada, não havia
mais os elementos unificadores da língua. O latim ficou livre para
modificar-se. As invasões não pararam por aí,
no século VIII, a península foi tomada pelos árabes. O domínio mouro foi mais
intenso no sul da península. Formou-se então a cultura moçárabe, que serviu por
longo tempo de intermediária entre o mundo cristão e o mundo muçulmano. Apesar
de possuírem uma cultura muito desenvolvida, esta era muito diferente da cultura
local o que gerou resistência por parte do povo. Sua religião, língua e hábitos
eram completamente diferentes. O árabe foi
falado ao mesmo tempo que o latim (romanço = fase de transição entre o latim e as línguas neolatinas). Embora bárbaros e árabes
tenham permanecido muito tempo na península, a influência que exerceram na
língua foi pequena, ficou restrita ao léxico, pois o processo de romanização
foi muito intenso.
Os cristãos,
principalmente do Norte, nunca aceitaram o domínio muçulmano. Organizaram um
movimento de expulsão dos árabes (a Reconquista). A guerra travada foi chamada
de "santa" ou "cruzada". Isso ocorreu por volta do século
XI. No século XV os árabes estavam completamente expulsos da península.
Durante a
Guerra Santa, vários nobres lutaram para ajudar D. Afonso VI, rei de Leão e Castela. Um deles, D. Henrique,
conde de Borgonha, destacou-se pelos serviços prestados à coroa e por
recompensa recebeu a mão de D. Tareja, filha do rei. Como dote recebeu o Condado
Portucalense. Continuou lutando contra os árabes e anexando novos territórios
ao seu condado que foi tomando o contorno do que hoje é Portugal.
D. Afonso
Henriques, filho do casal, funda
a Nação Portuguesa que fica independente em 1143. A língua falada nessa parte ocidental da Península
era o galego-português que com o tempo foi diferenciando-se: no Sul, português,
e no Norte, galego, que foi sofrendo mais influência do castelhano pelo qual
foi anexado.
Em 1290, o rei D. Diniz funda a Escola de Direitos Gerais e obriga
em decreto o uso oficial
da Língua Portuguesa.
Como é possível perceber, o surgimento da Língua Portuguesa está profunda e inseparavelmente ligado ao processo de constituição da Nação Portuguesa. No caso da formação do idioma português, para além da origem latina, este concentra a influência dialetal de outros povos que invadiram a península
depois dos romanos, como germanos e árabes.
Nos
primeiros escritos em português notamos semelhanças com o castelhano(é o
galego-português). Portugal e Espanha formavam um único reino (Leão e Castela)
e tinham como língua nacional o castelhano.
A primeira
gramática, no entanto, só apareceu em 1536, elaborada por Fernão de
Oliveira; o primeiro
dicionário Português/Latim-Latim/Português é de 1570.
A EXPANSÃO
Só no século XI Portugal se separou,
emancipando-se politicamente e propiciando a
evolução da língua portuguesa, que se consolidaria a partir da poesia dos trovadores.
Portugal ficou conhecido pelas grandes
navegações. No século XV e XVI, através dos movimentos colonialistas e de
propagação do catolicismo, a língua portuguesa se espalhou pelo mundo.
O português era imposto às línguas autóctones como língua oficial
ou modificava-se dando origem aos dialetos crioulos. Assim a língua chegou à América, África, Ásia e Oceania.
A língua viva sofre constantes transformações
por meio dos tempos
(meio social, desenvolvimento cultural etc.). Assim, o português falado no
Brasil não é idêntico ao falado em Portugal, Moçambique, Guiné-Bissau etc. A
esse uso diferente do mesmo idioma, damos o nome de dialeto.
No português
do Brasil temos ainda a influência da língua falada pelos africanos, pelos
índios e pelos vários imigrantes que introduziram ou modificaram expressões.
Arcaísmos são as palavras que
vão desaparecendo.
Neologismos, palavras que vão
surgindo.
Além das
diversas línguas indígenas, misturaram-se também ao português o espanhol e o
francês (invasões), as línguas africanas (tráfico negreiro) e posteriormente,
com a imigração, outras línguas europeias (italiano, alemão e espanhol). A língua também
sofreu influência dos veículos de comunicação, com isso absorvemos palavras
japonesas, francesas e principalmente inglesas.
“A língua é um forte instrumento de
manipulação e de poder!”
“As populações dominadas sempre foram
obrigadas, no decorrer da história, a aprender e utilizar a língua do
dominador.”
Nenhuma das 10 línguas mais faladas hoje corre
algum risco. Por outro lado a Amazônia vai sofrer uma devastação na sua
diversidade linguística. Triste fim para a parte do planeta mais rica em
idiomas.
“Ninguém reinventa uma língua que desapareceu. Tem grupos
indígenas que tentam reviver uma língua que já todo mundo deixou de falar. A
única coisa que eles podem fazer é lista de vocabulário e mandar os meninos
aprenderem. Lista de vocabulário não é a língua. Ou seja, o que se perdeu
definitivamente são as regras abstratas que estão na mente dos falantes. Isso
se perdeu definitivamente. Uma língua que desaparece, desaparece para sempre”,
diz o linguista Francisco Queixalos.
Lei nº. 10.639, de 9 de janeiro de 2003 altera a
Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Luiz Inácio Lula da Silva – Cristovam
Ricardo Cavalcanti Buarque), que estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da
Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura
Afro-Brasileira”, e dá outras providências.
PRINCIPAIS INFLUÊNCIAS NA LÍNGUA PORTUGUESA FALADA
NO BRASIL
INFLUÊNCIA
EXEMPLOS
Tupi
Nomes de pessoas: Ubirajara, Iracema.
Nomes de lugares: Ipanema, Copacabana...
Nomes de animais e plantas: tatu, arara, caju, maracujá...
Uma pequena lista de palavras de origem
indígena,
que são nomes de lugares no Brasil, seguidos de seus significados originais:
Goiás:
da mesma raça, igual;
Grajaú:
pássaro que come;
Guarujá:
Viveiro de guarus;
Guarulhos:
dos guarus (peixes);
Ipanema:
água ruim;
Jundiaí:
rio dos jundiás
Paraíba:
rio com pouco peixe, rio ruim;
Paraná:
rio caudaloso;
Sergipe:
com olhos inquietos;
Uberaba:
água cristalina.
As influências linguísticas
árabes se limitam ao léxico no qual os empréstimos são geralmente reconhecíveis
pela sílaba inicial al- correspondente ao artigo árabe: alface, álcool,
Alcorão, álgebra, alfândega... Outros: bairro, berinjela, café, califa, garrafa,
quintal, xarope...
Por volta do século
VIII d.C., os árabes invadiram a península Ibérica, lá permanecendo durante séculos,
sem conseguir impor a língua árabe. Todavia, muitas palavras árabes passaram a fazer parte
da língua portuguesa, como: algarismo, alface, álgebra, alcachofra, algodão,
alfafa, etc. Como se nota, a maioria dos termos árabes começa com a, al, ar,
etc. (é a forma do artigo árabe, sentido pelo ouvido ibérico como não
dissociado do substantivo que o seguia). Mas nem toda palavra de origem árabe
começa dessa forma, haja vista os substantivos: javali e refém; os adjetivos:
mesquinho e baldio. Da mesma forma, nem toda palavra iniciada em al é árabe,
haja vista almoço, de origem latina. Como na maioria dos idiomas não clássicos,
a influência árabe foi preponderante nos substantivos. Mas, como vimos, há também
adjetivos dessa origem e, mesmo, uma preposição: até.
Temos de
proveniência indígena muitos nomes de lugares, utensílios, alimentos,
flora e fauna, como: Curitiba, Paraná, Anhangá, Tamandaré, Tatuapé, Cuiabá,
Moji-Guaçu, Tamanduateí, Ipiranga, Irecê, Maceió, Ipanema, abacaxi, açaí, aipim,
amendoim, ananás, araçá, babaçu, caju, capim, ipê, jacarandá, jabuticaba,
urubu, tatu, tamanduá, piaba, paca, saci, lambari, jibóia, jabuti, jacaré, guará,
canindé, caninana, ariranha, arara, arapuá, araponga, carioca, Moji, mandioca,
beiju, caatinga, caboclo, caipira, capão, guri, tipóia, tapioca. No vocabulário,
contudo, é inegável a presença de tupinismos em nomes brasileiros
populares de aves e peixe, na culinária, nos costumes, na toponímia (nomes de
lugar) e na antroponímia (nomes de pessoa). É enorme a influência tupi sobre as
denominações geográficas brasileiras. Em grande parte, trata-se de topônimos
atribuídos não por índios, mas por bandeirantes que utilizavam a língua geral
como idioma da comunicação ordinária em suas expedições. cabe lembrar que o contato do europeu
com o índio foi devastador.
A despeito das polêmicas
sobre o número de habitantes da América antes da chegada dos europeus, parece
inegável que o território atualmente brasileiro era habitado, por volta de
1500, por pelo menos 2 milhões de índios e que estes se acham hoje reduzidos a
algo em torno de 350 ou 400 mil pessoas, o que permite, indubitavelmente, falar
em um genocídio dos povos
indígenas na história do Brasil. Esse processo se deu por vários meios, dentre os
quais tomavam parte não só os portugueses, mas também índios aculturados; as
grandes fomes que seguiam as guerras; e a fuga dos índios para regiões de
recursos desconhecidos, onde frequentemente entravam em conflito com outros
índios.
Essencialmente, porém,
o genocídio dos índios se deu por meio de epidemias de doenças trazidas pelos portugueses,
para as quais os índios em geral não apresentavam defesas naturais, como:
varíola, sarampo, coqueluche, catapora, tifo, difteria, gripe, peste bubônica e
malária.
Não fosse essa grande
exclusão dos povos indígenas da formação de nossa sociedade, e o Brasil, à
semelhança do Paraguai, bem poderia ser hoje um país bilíngue, com ao menos
alguns milhões de falantes do tupi.
De proveniência africana, temos: macumba, cachaça, moleque, quindim, jiló,
marimbondo, cochilo, tanga, samba, etc.
No português de hoje, podemos encontrar palavras provenientes
do italiano: pizza, espaguete, tchau; do inglês: gol, clube,
sanduíche, hambúrguer, deletar; do francês: toalete, abajur, cabine, champanhe, penhoar; e
de outros idiomas.
A língua de um povo tende a se modificar (evoluir) através
dos tempos criando, conforme as necessidades, palavras novas e deixando outras em desuso. Assim, são arcaísmos:
leixar (deixar), filhar(tomar, pegar), nato(nascido), datilografar, calça coringa,
quichute, bamba, conga etc. São neologismos: xérox, xerocar, digitar,
digitalizar, escanear, doleiro, shopping, e-mail, happy our, etc.
A maioria dos prefixos e sufixos que entraram na formação
das palavras da língua portuguesa provieram do grego e do latim. É muito importante
conhecê-los porque eles nos auxiliam a descobrir o sentido de inúmeras
palavras que utilizamos na linguagem diária ou em textos científicos.
Muitos substantivos hoje utilizados no Português já foram
diminutivos em latim vulgar (a busca da expressividade da fala popular da época
talvez explique em parte essa tendência):
- abelha, derivada de apícula, diminutivo de apis;
- ovelha, de ouícula, diminutivo de ouis;
- orelha, de aurícula; olho, de oculus;
- joelho, de genuculum, e assim por diante.
AS LÍNGUAS AFRICANAS E O PORTUGUÊS DO BRASIL
Já tivemos
oportunidade de comentar que as dimensões exíguas do território português e os
problemas populacionais que, já nos séculos XIV e XV, se faziam sentir
instigaram Portugal a empreender navegações, conquistas e ocupações que o
levaram a estabelecer um sistema de fortes e feitorias comerciais na costa
ocidental da África, que lhe permitiram preparar o caminho marítimo para as
Índias.
O
comércio escravista português manteve-se durante séculos, terminando apenas com
a campanha inglesa contra o tráfico negreiro na primeira metade do século XIX.
Com o tempo, as antigas feitorias e os fortes deram lugar, em certos pontos, a
sistemas coloniais mais complexos. Assim, dos oito países autônomos hoje
falantes da língua portuguesa, cinco se localizam na África: Angola, Moçambique,
Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe.
Como se
sabe, há íntima relação entre escravismo de africanos e colonização no Brasil.
Desde o abandono, onde foi possível, da tentativa de fazer dos índios a
principal fonte de mão-de-obra escrava para a Colônia, a Coroa portuguesa
investiu pesadamente no apresamento e transferência de escravos africanos para
os engenhos, minas e lavouras brasileiras.
Em sua
maioria, esses homens e mulheres foram capturados no sul da África, notadamente
na região que hoje compreende Angola. E não apenas na costa africana. Com o
correr do tempo, o apresamento de escravos dirigiu-se rumo ao interior do
continente, na área da Bacia do Rio Congo, em território que hoje pertence ao Zaire,
e a outros pontos, como Moçambique e Camarões.
Nessas
regiões, vivem pessoas de origem banto, falantes, portanto, de línguas pertencentes
à família do mesmo nome, sobretudo o quimbundo, o umbundo e o quicongo.
Espalharam-se por todo o território nacional, com exceção da Bahia. Neste
Estado, a partir de meados do século XVIII, intensificou-se o tráfico de
africanos no norte, na região próxima à Nigéria, especialmente onde hoje se
localiza o Benin (antigo Daomé). Trata-se agora de pessoas de origem nagô (ou
ioruba), falantes principalmente dos idiomas ioruba, gege e ibo.
A política oficial da Coroa portuguesa
(e de outras) para a distribuição dos escravos africanos nos territórios
coloniais preconizava que, tanto quanto possível, não se deviam manter juntas
pessoas da mesma família, nem da mesma etnia, nem da mesma região de origem. O
objetivo era claro: dificultar o surgimento de “coletividades” entre os
indivíduos escravizados.
Mas, em
que língua se dava a comunicação dos escravos entre si e destes com aqueles que
os escravizavam? Que língua(s) se falava(m) nas senzalas? E nos quilombos?
A hipótese
clássica da filologia brasileira a esse respeito foi originariamente formulada
pelo médico e etnógrafo maranhense Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906), pioneiro
dos estudos científicos sobre a cultura negra no país, na obra Os africanos no Brasil, publicada,
postumamente, em 1932. Tomando por base os dados demográficos, Nina Rodrigues
defende que no Brasil existiram duas línguas gerais africanas, uma de base nagô-iorubana
na Bahia, outra de base banto-quimbundo, nas demais regiões. Tais idiomas
também deixaram marcas no português brasileiro.
Lei nº. 10.639, de 9 de
janeiro de 2003 altera a Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Luiz Inácio
Lula da Silva – Cristovam Ricardo Cavalcanti
Buarque), que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para
incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática
“História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Infelizmente a questão ainda se
faz polêmica porque temos muitas pessoas que agem com preconceito, discriminando,
pensando-se superiores. Por isso, faz-se necessário uma lei que venha
contrariar essa mentalidade ultrapassada, na tentativa de minimizar as desigualdades,
estabelecendo a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileiras
e africanas visando ações educativas de combate ao racismo e às discriminações. A
relevância do estudo diz respeito a todos os brasileiros (não apenas elevando a
auto-estima e compreensão da etnia afro, mas de todas as etnias), na perspectiva
de que todos devem educar-se enquanto cidadãos atuantes no seio de uma
sociedade multicultural e pluriétnica, capazes de construir uma nação
democrática. Reconhecimento implica justiça e iguais direitos sociais,
civis, culturais e econômicos, bem como valorização da diversidade e mudança
nos discursos, raciocínios, lógicas, gestos, posturas, modo de tratar as
pessoas negras. Requer também que se conheça a sua história e cultura, buscando
desconstruir o mito da democracia racial na sociedade brasileira; mito este,
que difunde a crença de que, se os negros não atingem os mesmos patamares que
os não negros, é por falta de competência ou de interesse, desconsiderando as desigualdades
seculares que a estrutura social hierárquica cria com prejuízos para os negros.
Segundo
se pensa hoje, o português do Brasil foi consideravelmente influenciado por
línguas africanas. Vamos lembrar palavras de origem africana no vocabulário brasileiro:
acarajé, angu, banana, jiló, quiabo, quindim, tutu, vatapá, agogô, atabaque,
axé, afoxé, batucada, batuque, berimbau, congo, cuíca, samba, exu, Iemanjá,
macumba, Ogum, orixá, Oxossi, quimbanda, umbanda, bunda, cachimbo, cacimba,
camundongo, carimbo, caxumba, cochilo, corcunda, crocodilo, faraó, maconha,
marimbondo, moleque, tanga, quitanda, senzala.
Sobre a História da Língua Portuguesa, assista o vídeo:
Fonte: JUNIOR, Sérgio Baldassarini. Nova Ortografia da Língua Portuguesa conforme o Acordo Ortográfico para Países Lusófonos. Vídeo com roteiro, apresentação, edição, produção e direção de Sérgio Baldassarini Junior; supervisão pedagógica pela Profª Terezinha Oppido, Bacharel e Licenciada em Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras São Judas Tadeu. São Paulo: SBJ Produções, 2008.
ALGUMAS CONCLUSÕES:
A língua é um forte instrumento de manipulação e de poder. Os povos dominados sempre se obrigaram a falar na língua do dominador. Seja pelas principais necessidades de sobrevivência (alimentar-se, defender-se ou impor suas vontades), uma inevitável socialização, inclusive com posicionamentos (questões a serem defendidas até mesmo com vistas a algum destaque social). Pois bem, se em épocas mais remotas da história da humanidade essa imposição linguística (e cultural) acontecia por meio de guerreiros e batalhas, nos dias atuais é por meio do domínio econômico mundial que se estruturam novos vocabulários para grupos específicos que, na busca de manutenção do poder, estruturam-se de modo mais privilegiado nos meios econômicos e culturais. E está aí a importância de um maior domínio da norma culta padrão. Ou se aprende a pensar por si mesmo e busca a melhoria da sua realidade social ou torna-se alienado a cumprir tarefas específicas repetidamente, ou mesmo a repetir discursos de outrem.
Além das bibliografias supracitadas, serviram como material de apoio para nossos estudos:
SIQUEIRA & BERTOLIN »Curso Completo de Português. São Paulo: IBEP, s/d.
GRIFFI, Beth. Português, 1: literatura, gramática e redação. São Paulo: Moderna, 1991.
ORMUNDO, Wilton. Se liga na língua: literatura, produção de texto, linguagem. São Paulo: Moderna, 2016.